(José Romildo Sousa, Escritor, poeta, historiador e consultor cultural, no Facebook, em 14/03/2023)
Num tempo não muito distante, a população de Patos recebia diariamente em sua residência, o leite que seria consumido pela família. O leiteiro se abastecia nos currais da sua preferência, enchia o latão e passava a distribui-lo de porta em porta, com os seus fregueses, sempre anunciando em voz alta: “Olhe o leite!”. Os consumidores já vinham com sua vasilha e o leiteiro que sabia da quantidade que cada um comprava fazia a entrega do alimento e ainda se inteirava das últimas novidades daquele logradouro. Alguns leiteiros para garantir a freguesia realizavam “o agrado”, que era um pouquinho a mais dado ao comprador. Alguns deles até sentenciavam: este é o da sogra!
Vários foram os patoenses que fizeram deste ato a sua profissão. Um dos mais cultivados foi José Paulo da Silva, conhecido como Pracílio, que nasceu em Nova Cruz, Rio Grande do Norte, mas que residiu por 50 anos na rua Felizardo Leite – Patos, onde viu seus 08 filhos nascerem e se criarem. Era casado com Maria Augusta da Silva, enlace matrimonial realizado em 1948.
O pai de Pracílio faleceu quando ele tinha três anos, passando ele a ser criado pelo seu avô, Joaquim Paulo Souto, chamado carinhosamente de Pai Velho; que sempre dizia que seu nome era para ter sido JOSÉ PLÁCIDO, mas foi registrado como JOSÉ PAULO, daí o apelido de PRACÍLIO.
Com o falecimento do seu avô, Pracílio continuou vendendo leite de outros fazendeiros, a exemplo de Sebastião Queiroz, Pedro Izidro, Severino Lustosa, Pierre – o francês. Gostava ele de ordenar as vacas. Começou a comercializar leite em um jumento que se chamava Traquino, passou em seguida para uma bicicleta e depois para um opala azul. Ao aposentar-se passou a vender leite em sua residência, comprando de Ivan Moreira.
Pracílio não sabia ler nem escrever e na década de 80 frequentou o MOBRAL para ser alfabetizado, a fim de tirar a carteira de motorista.
Pracílio faleceu em 2004, em Patos, com 80 anos de idade, sendo sepultado no Cemitério São Miguel.
Comentário nosso
Há alguns dias estava para divulgar esta matéria, mas sobrestei a divulgação por conta de uma dúvida. Eu conheci Placílio há uns sessenta anos mas com o nome PLACIDO. Quando li a matéria fiquei em dúvida se seria Placido ou Pracilio. Até que esta semana encontrei com uma sobrinha da esposa dele que confirmou que o nome dele era realmente Pracílio. Mas a própria matéria justifica a dúvida. A família o queria registrar como José Plácido, mas o cartório o registrou como José Paulo. Daí a confusão que se fez a posteriore, pois Plácido se transformou para alguns em Placido. Dona Maria, esposa de Pracílio, era natural da Quixaba e foi colega de infância e de escola de minha mãe. Francisco, filho do casal, foi meu aluno no Colégio Estadual. (LGLM)
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