Datafolha: 38% aprovam Lula, e reprovação de 29% se iguala à de Bolsonaro em 3 meses de governo

By | 01/04/2023 8:24 am

Presidente tem início de mandato com desempenho inferior ao de suas outras passagens pelo Planalto

 

(Igor Gielow, na Folha, em 01/04/2023)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega aos primeiros três meses de mandato com aprovação de 38% e reprovação de 29%, aponta pesquisa do Datafolha.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante um evento no Palácio do Planalto, em 10 de março
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante um evento no Palácio do Planalto, em 10 de março – Evaristo Sá – 10.mar.2023/AFP

O resultado mostra a desaprovação a Lula igual à registrada por Jair Bolsonaro (PL) no mesmo momento de seu governo, em 2019, repetindo assim o que foi o pior desempenho desde a redemocratização de 1985 entre presidentes em primeiro mandato.

Lá, em meio a diversas crises, o ex-presidente marcava 30% de avaliação ruim/péssimo, mas era menos aprovado do que o petista, com 32% de ótimo/bom. Era regular para 33%.

Lula marca um início de governo com popularidade inferior à registrada nas suas duas passagens anteriores pelo Palácio do Planalto. Nos 90 dias de 2003, ele era aprovado por 43%, com apenas 10% de reprovação, enquanto a marca foi a 48% e 14%, respectivamente, no mesmo período em 2007.

Em comparação à marca de 90 dias de outros presidentes em primeiro mandato, sua aprovação é semelhante à de Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 39% em 1995), Fernando Collor (PRN, 36% em 1990) e Itamar Franco (PMDB, 34% em 1992). Fica abaixo da sucessora, Dilma Rousseff (PT), que teve 47% de ótimo/bom em 2011.

São fotografias. FHC se reelegeu, mas terminou seu segundo mandato mal avaliado e não fez o sucessor. Lula também venceu a disputa para ficar no cargo e saiu aclamado. Collor e Dilma acabaram sofrendo impeachment.

Mas o instantâneo não é positivo para Lula: os 29% de ruim/péssimo se igualam ao pior momento de todos os seus oito primeiros anos no governo, em dezembro de 2005, ainda sob o fogo da revelação do mensalão.

Os dados exprimem o que a observação da realidade política mostra: Lula venceu uma eleição apertadíssima contra Bolsonaro em um país rachado, com 1,8 ponto percentual acima do rival no segundo turno, e tem se batido na economia e na articulação com o Congresso.

Tanto é assim que muito da energia do governo em seu começo girou em torno do ato golpista promovido no 8 de janeiro em Brasília e efeitos secundários da crise, como a derrubada do comandante do Exército. A lida com o cotidiano de problemas tem se mostrado maior agora, com o debate sobre o arcabouço fiscal e as questões de governabilidade no Legislativo.

Com efeito, os cortes gerais de polarização associados ao petismo em campanha são espelhados na avaliação do presidente.

Lula é mais bem avaliado ou recebe a menor reprovação entre nordestinos (53% de ótimo e bom no grupo, que soma 26% da amostra do Datafolha), os mais pobres (21% de ruim péssimo entre os que ganham até 2 salários mínimos, 55% dos ouvidos) e jovens (17% de ruim péssimo entre os 17% que têm de 16 a 24 anos).

Na contramão, o eleitorado tradicionalmente mais bolsonarista é mais refratário ao petista. Ele só tem 29% de aprovação no Sul (15% da amostra), 28% entre evangélicos (27% dos ouvidos) e 30% entre os mais ricos.

É um resultado melhor do que o de Bolsonaro (61% achavam que ele havia feito menos), mas pior do que o de Lula-1 (45%) e Dilma-1 (39%).

Em relação às expectativas, o cenário também é desfavorável para Lula. Creem que ele fará um governo ótimo ou bom 50%, ante 27% que esperam algo regular e 21%, ruim ou péssimo.

Em seu primeiro mandato, Lula marcava nesta etapa do caminho 76%, 15% e 4%, respectivamente. Dilma, 78%, 15% e 5%. Mesmo Bolsonaro se saiu um pouco melhor: 59%, 16% e 23%.

Acham que o presidente irá cumprir suas promessas de campanha 28%, ante 24% que diziam isso em dezembro, quando o Datafolha questionou o eleitorado sobre o tema. Avaliam que a maioria das promessas não será cumprida 50% (eram 58%), enquanto acham que nada será honrado 21% (eram 16%).

O mesmo Lula e Dilma tiveram expectativa positiva semelhante em 2003 e 2011, mas a avaliação de que a maioria ou nenhuma das promessas seriam cumpridas era idêntica, mas diferente de agora: 64% e 5%, respectivamente.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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