(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 18/04/2023)
O noticiário recente sobre violência em escolas, lembrou-me um episódio que testemunhei uns cinquenta e cinco anos atrás. Marreta (o futuro craque Messias do Nacional) e o saudoso Wandinho Parente, pegaram uma briga, não sei por que motivo, dentro do ônibus que os levava para o novo Diocesano, no Belo Horizonte. Apartamos a briga e, como encarregados da disciplina do Colégio, determinamos que naquele dia os dois não teriam direito a recreio e ficariam de castigo na sala dos professores. Mesmo de cara feia um para o outro até o último recreio, quando fomos liberá-los para a última aula, os dois futuros cidadãos patoenses, à época na faixa dos doze anos, estavam “batendo papo” como se nada tivesse acontecido.
Briga de estudantes é isso. Algo sem consequências. Basta que diretores, professores e inspetores procurem saber o motivo das brigas e façam as pazes entre os briguentos. Antes nunca foi preciso polícia dentro das escolas, hoje o problema pode continuar a ser resolvido com um simples trabalho preventivo.
Os pais podem fazer a mesma coisa, procurando tomar conhecimento de tudo que acontece com os seus filhos na escola, verificando o que os filhos levam quando saem de casa e orientando-os junto com a diretoria para que os problemas sejam resolvidos entre os próprios estudantes.
Não se pode jamais levar para dentro de uma escola um clima policialesco. Polícia é para garantir a segurança externa. Uma ronda bem-organizada em toda a cidade, incluindo as escolas, pode ter um efeito preventivo, muito mais efetivo do que colocar um guarda dentro de cada escola. Dirigentes, professores e inspetores estão muito mais preparados do que policiais para prevenir a violência escolar.
A imprensa por sua vez deve ter todo o cuidado na divulgação desses episódios que não são exclusivos do Brasil. Lá fora acontecem todo dia.
Tem gente interessada na divulgação destes fatos para passar a ideia de que os governos não estão no controle da segurança do país. Gente que quer “faturar” eleitoralmente em cima de episódios isolados que podem acontecer em qualquer país. É um absurdo a ideia de colocar equipamentos de detecção de metais e guardas em todas as escolas. Isto é demagogia.
Autoridades, pais, dirigentes de escolas, professores, inspetores de alunos, policiais e imprensa devem cumprir cada um a sua missão, evitando criar um clima de pânico que não interessa a ninguém.
Que as autoridades tomem as providências necessárias contra quem utiliza as redes sociais para divulgar notícias falsas (fakes news) sobre episódios violentos em escolas e contra quem divulga com estardalhaço os fatos verídicos.
Bandidos são todos aqueles que tentam fomentar um clima de pânico na população e, principalmente nas escolas.