As assembleias aconteceram em todo o Brasil e são uma paralisação da educação em resposta às tentativas de vários prefeitos que querem fazer mudanças consideradas de retrocesso na Lei do Piso Salarial dos professores.
Por meio da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), os sindicatos estão sendo chamados para propor melhorias e rechaçar as tentativas de retrocesso na Lei do Piso. Na assembleia, os dirigentes sindicais também discutiram outros assuntos de interesse da categoria dos servidores em educação.
O vereador sindicalista José Gonçalves, que é vice-presidente do SINFEMP, lamentou que mais de 300 ações judiciais tiveram que ser movidas contra a Prefeitura Municipal de Patos que não vem respeitando o pagamento do terço de férias dos funcionários públicos.
Carminha Soares, presidente do SINFEMP, destacou que a Lei do Piso é uma grande conquista consolidada no Brasil e defendeu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que atende toda a educação básica, da creche ao ensino médio.
OUÇA entrevista com Carminha Soares:
Comentário nosso
Fui funcionário do Banco do Brasil durante vinte e seis anos e participei de várias greves, inclusive fazendo piquetes durante as paralizações. As agências fechadas em todo o país pela paralização dava prejuízo ao patrão o que o obrigava a terminar atendendo pelo menos uma parte significativa das nossas reivindicações. Aposentado do Banco, me submeti a novo concurso público e durante vinte e cinco anos fui servidor do Ministério do Trabalho, como auditor fiscal. Durante estes vinte e cinco anos, nunca deixei de trabalhar, um dia só, durante as várias greves que ocorreram no período, por que entendia que quando parávamos quem era prejudicado era o trabalhador, e o Governo não tinha prejuízo nenhum. Durante a greve, muitos de nós nos revezávamos atendendo aos trabalhadores em tendas armadas nas proximidades da superintendência em João Pessoa ou na gerência de Campina Grande. Era a nossa forma de mostrar a adesão ao movimento grevista, sem prejudicar os trabalhadores. Por isso, entendo que a paralização no serviço público só deve acontecer em última hipótese. É válido, por exemplo, a paralização por algumas horas, mesmo que em vários dias, por um dia todo, uma operação tartaruga, um piquete seletivo na porta da repartição, o bloqueio de algumas horas de uma rua de grande movimento e outras formas de manifestação que não prejudiquem muito a população, mas que ao mesmo tempo mostrem a nossa inconformidade com determinada decisão ou política governamental. Para nós é muito válida esta mobilização pela valorização do professor. O piso salarial é uma destas formas de valorização profissional que deve ser defendida com “unhas e dentes”. É até ocioso dizer, e não é só porque fui professor estadual antes de entrar no Banco do Brasil, que o piso é básico para a valorização da educação. Sem bons professores nunca teremos bons médicos, bons engenheiros, bons dentistas, bons professores e bons profissionais de todas as categorias que dependam de formação escolar. Por isso, ter bons professores é importantíssimo para todos nós. E esta luta pelo piso salarial é imprescidível para a qualidade do ensino, por que se a profissão de professor for mal remunerada ela deixa de ser atrativa e os bons professores vão procurar quem lhes pague melhor, seja no sistema de ensino privado seja em outras profissões, todos nós teremos a perder com isso, já que nem todos podem levar seus filhos para as escolas privadas. E “estudo e topada é só que leva pobre prá frente”. Que os professores defendam com “unhas e dentes” um piso salarial decente e evitem ao máximo longas paralizações que, por mais justas que sejam, só prejudicam a população mais carente que precisa do sistema de ensino público. (LGLM)