Quem criticar e ‘discriminar’ o senador Marcos do Val, alvo de ação da PF, deveria ser preso?

By | 16/06/2023 6:36 am

Câmara tenta criar cidadãos de primeira e segunda classe, enquanto PF insiste em mostrar que ‘todos são iguais perante a lei’

O projeto cria privilégios inadmissíveis para Pessoas Politicamente Expostas (PPEs), sem debate e conhecimento da sociedade. De repente, do nada, a urgência foi colocada em votação na noite de anteontem, aprovada rapidinho e, já na sequência, o projeto foi vitorioso, por 252 a 163 votos, prevendo multa e prisão de até quatro anos para agentes financeiros que se neguem a abrir contas ou crédito para as PPEs investigadas e processadas.

Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira, 14, em votação relâmpago, um projeto de lei de Danielle Cunha (União Brasil-RJ), filha de Eduardo Cunha
Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira, 14, em votação relâmpago, um projeto de lei de Danielle Cunha (União Brasil-RJ), filha de Eduardo Cunha Foto: Pablo Valadares/Agência Câmara

O presidente da Câmara, Arthur Lira, articulou a aprovação no escurinho do cinema, os líderes aderiram, o governo lavou as mãos e tudo foi resolvido num estalar de dedos. A autora do projeto é a deputada Danielle Cunha (União Brasil-RJ), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, cassado, condenado e preso por corrupção, e a votação começou antes da apresentação formal do parecer do relator, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), da confiança de Lira.

O projeto segue agora para o Senado e, aparentemente, não foi só a sociedade brasileira que foi pega de surpresa, o próprio Senado também. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, disse que nem sabia do que se tratava. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, admitiu que é, “no mínimo, polêmico”.

O resultado é que, em vez de proteger os políticos, a Câmara acaba de aumentar a ira da sociedade contra eles. E o pior é que só Novo, PSOL, PCdoB e Rede se colocaram contra. O PT liberou geral, o PL se dividiu, o governo se embolou com Lira.

No lado oposto, Pacheco foi previamente avisado da operação da PF no gabinete e no apartamento funcional do senador Do Val, que já deu entrevista dizendo que agiu como espião do ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra o então presidente Jair Bolsonaro. Do Val não tem um tico de credibilidade e suas histórias não têm pé nem cabeça.

É assim que o Congresso, pilar da democracia, mancha a própria imagem, esgarça a confiança da sociedade nos Poderes, nos partidos e nos políticos. Para “descriminalizar” a política é preciso que deputados e senadores parem de legislar em causa própria, de chantagear os governos e de usar energia para ampliar seus privilégios – que não são poucos! Quem “discriminar” Do Val vai ser preso?

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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