Esse é o São João da Gente (seguido de comentário nosso)

By | 24/06/2023 8:50 am

Misael Nóbrega de Sousa

… junho chegou com a festança. Nos terreiros das casas, fogueiras não têm mais não. – E brincadeiras de adivinhação? – “Vixe”, tá doido, é? Lá vem a Educação “lapeando” o coitado do burro pra apressar a carroça – Quem cagou aqui? E lá se foi, o desfile de abertura.

É politico de mão em mão pra demonstrar simpatia; Meninas “bebas” voltando lá do Coreto; é moda de piriguete; é dança de Tik Tok; é DJ como atração; é Avião; é Safadão; é Sertanejo… – Agora, lascou!! – Quando começa a tocar forró? – Responde ai, meu prefeito… – Trio ‘pé-de-serra’ só é pra anunciar promoção?

– Teve quadrilha estilizada? – Este ano, teve não; – E o kit “miserê”?-  Os seguranças deixam entrar, não; – E o kit camisinha? – Ninguém usa isso mais não; – E o vestido de chita? – Chita? – O que é Chita? Pouco banheiro pra muita gente .

– Não  tem mais casa alugada com sessenta  inquilinos? – E estacionamento? – Estão cobrando 30 “conto” pra deixar o carro na rua; “Patos tem mulher com força…”, diz o panfleto da festa. E o turista comenta: – “Peguei mais uma…” – Não é não!. É menino choramingando com medo dos estampidos… – Ou será que acabaram os fogos de artifício?.

É roda gigante, mas não é pra diversão; cachês que oneram o orçamento; a cidade enfeitada de lamento; bandeiras tremulando no firmamento; vereadores no camarote, “tomando Ciroc”; é rico na área VIP, bem pertinho do cantor; e o povão no “rabo da gata” brincando o São João da gente; é dinheiro emprestado de agiota; É uber, taxi e mototaxi; calo no dedão do pé; bota na mão com chulé; espetinho de 8 “real”.

Ambulantes berrando: água, cerveja e refrigerante; – Eita gôta serena! A família veio cedo, mas deu logo um “anarriê”, pois lá no Terreirinho, não tinha o que fazer. – Faltou cultura? – Faltou. E começou a chegar gente; um mar de povo inocente esperando o fuzuê. Ficou só a juventude.. “Vocês querem sofrência ou putaria? – “Putaria”… – “Putaria”… – Vê isso não, “ôxente”, eu furo teu “zói”… – Bora pra Van, que é pra pegar lugar, preciso chegar em casa antes de o sol raiar, tenho que tomar um banho para poder ir trabalhar…

– Diz ai, Gonzagão:

“Ai que saudades que eu sinto/ Das noites de São João/ Das noites tão brasileiras/ nas fogueiras Sob o luar do sertão/ Meninos brincando de roda/ Velhos soltando balão/ Moços em volta à fogueira/ brincando com o coração/ Eita, São João dos meus sonhos/ Eita, saudoso sertão,/ ai, ai..”

 

Comentário nosso

Infelizmente está se acabando o São João autêntico. São João com fogueira, com fogos, com dança no meio da rua, com comidas típicas e antes de tudo com o autêntico forró. O São João se reduziu à festa do Terreiro do Forró. Com uma festa muito muito maior, com muita gente, mas sem autenticidade. Sem a música típica do São João. Alok é um grande artista, na sua categoria, mas não é um artista para festa junina. Mas Alok é um exemplo estremo. Vamos ao ponto contrário. Afora os artistas locais, para simular São João, qual foi o grande artista regional que veio a Patos. Não contamos mais com Luiz Gonzaga, Marinês, Jackson do Pandeiro, com Dominguinhos, o nosso Pinto do Acordeon, Genival Lacerda. Mas temos Flávio José, Santana, Elba Ramalho, Alcimar Monteiro, Amazan e Ton Oliveira que juntos custariam talvez menos do que Alok. E trariam o verdadeiro forró a Patos. Nabor acena agora com um aumento do espaço do Terreiro do Forró. Mas não aumentará em nada o São João, se não trouxer a Patos o autêntico forró nordestino. Esperamso que a festejada lei Luiz Gonzaga seja bem feita o suficiente para acabar com a destruição do legítimo São João, no que toca à música que se toca. Alok tentou fazer uma homenagem ao autêntico forró, tocando no seu show algumas músicas de Luiz Gonzaga. Mas aquilo só provou, se é que fosse necessário, que ele próprio de São João não tinha nada. (LGLM)

Comentário

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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