Misael Nóbrega de Sousa
… junho chegou com a festança. Nos terreiros das casas, fogueiras não têm mais não. – E brincadeiras de adivinhação? – “Vixe”, tá doido, é? Lá vem a Educação “lapeando” o coitado do burro pra apressar a carroça – Quem cagou aqui? E lá se foi, o desfile de abertura.
É politico de mão em mão pra demonstrar simpatia; Meninas “bebas” voltando lá do Coreto; é moda de piriguete; é dança de Tik Tok; é DJ como atração; é Avião; é Safadão; é Sertanejo… – Agora, lascou!! – Quando começa a tocar forró? – Responde ai, meu prefeito… – Trio ‘pé-de-serra’ só é pra anunciar promoção?
– Teve quadrilha estilizada? – Este ano, teve não; – E o kit “miserê”?- Os seguranças deixam entrar, não; – E o kit camisinha? – Ninguém usa isso mais não; – E o vestido de chita? – Chita? – O que é Chita? Pouco banheiro pra muita gente .
– Não tem mais casa alugada com sessenta inquilinos? – E estacionamento? – Estão cobrando 30 “conto” pra deixar o carro na rua; “Patos tem mulher com força…”, diz o panfleto da festa. E o turista comenta: – “Peguei mais uma…” – Não é não!. É menino choramingando com medo dos estampidos… – Ou será que acabaram os fogos de artifício?.
É roda gigante, mas não é pra diversão; cachês que oneram o orçamento; a cidade enfeitada de lamento; bandeiras tremulando no firmamento; vereadores no camarote, “tomando Ciroc”; é rico na área VIP, bem pertinho do cantor; e o povão no “rabo da gata” brincando o São João da gente; é dinheiro emprestado de agiota; É uber, taxi e mototaxi; calo no dedão do pé; bota na mão com chulé; espetinho de 8 “real”.
Ambulantes berrando: água, cerveja e refrigerante; – Eita gôta serena! A família veio cedo, mas deu logo um “anarriê”, pois lá no Terreirinho, não tinha o que fazer. – Faltou cultura? – Faltou. E começou a chegar gente; um mar de povo inocente esperando o fuzuê. Ficou só a juventude.. “Vocês querem sofrência ou putaria? – “Putaria”… – “Putaria”… – Vê isso não, “ôxente”, eu furo teu “zói”… – Bora pra Van, que é pra pegar lugar, preciso chegar em casa antes de o sol raiar, tenho que tomar um banho para poder ir trabalhar…
– Diz ai, Gonzagão:
“Ai que saudades que eu sinto/ Das noites de São João/ Das noites tão brasileiras/ nas fogueiras Sob o luar do sertão/ Meninos brincando de roda/ Velhos soltando balão/ Moços em volta à fogueira/ brincando com o coração/ Eita, São João dos meus sonhos/ Eita, saudoso sertão,/ ai, ai..”
Comentário nosso
Infelizmente está se acabando o São João autêntico. São João com fogueira, com fogos, com dança no meio da rua, com comidas típicas e antes de tudo com o autêntico forró. O São João se reduziu à festa do Terreiro do Forró. Com uma festa muito muito maior, com muita gente, mas sem autenticidade. Sem a música típica do São João. Alok é um grande artista, na sua categoria, mas não é um artista para festa junina. Mas Alok é um exemplo estremo. Vamos ao ponto contrário. Afora os artistas locais, para simular São João, qual foi o grande artista regional que veio a Patos. Não contamos mais com Luiz Gonzaga, Marinês, Jackson do Pandeiro, com Dominguinhos, o nosso Pinto do Acordeon, Genival Lacerda. Mas temos Flávio José, Santana, Elba Ramalho, Alcimar Monteiro, Amazan e Ton Oliveira que juntos custariam talvez menos do que Alok. E trariam o verdadeiro forró a Patos. Nabor acena agora com um aumento do espaço do Terreiro do Forró. Mas não aumentará em nada o São João, se não trouxer a Patos o autêntico forró nordestino. Esperamso que a festejada lei Luiz Gonzaga seja bem feita o suficiente para acabar com a destruição do legítimo São João, no que toca à música que se toca. Alok tentou fazer uma homenagem ao autêntico forró, tocando no seu show algumas músicas de Luiz Gonzaga. Mas aquilo só provou, se é que fosse necessário, que ele próprio de São João não tinha nada. (LGLM)