Com Arthur Lira fora, a Câmara congela, e a guerra dos juros é retórica. Logo, vamos a Bolsonaro: o primeiro dia do julgamento, 21/6, foi de todos contra um. O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, o relator Benedito Gonçalves, o procurador eleitoral Paulo Gonet e, claro, o advogado do PDT (autor da ação), Walber Agra, com posições claras contra Bolsonaro. Do outro lado, o advogado dele, Tarcísio Vieira de Carvalho, confirmou o que já se sabia: seu cliente é indefensável.
Enquanto os demais detalharam a “obsessão pelo golpe”, Vieira de Carvalho classificou a ação de “impostora” e tratou Bolsonaro como uma criança mimada e birrenta, “com verve imprópria, tom inadequado, ácido, excessivamente contundente”. E arriscou: “mas o debate sobre o sistema de votação é legítimo”.
Vamos convir que não só a verve e o tom foram chocantes e que a reunião de Bolsonaro com 72 embaixadores estrangeiros não foi só “um debate sobre o sistema de votação”, muito menos um fato isolado. E o TSE não é o único risco de Bolsonaro, que sempre defendeu um golpe, tentou cooptar as Forças Armadas para um golpe, usou o Planalto e o Ministério da Justiça para um golpe e tudo isso desaguou na tentativa de golpe de 8 de janeiro.
Bolsonaro já pode se considerar inelegível por oito anos e a dúvida é se haverá um pedido de vistas, que pode atrasar o desfecho por dois meses. As atenções estavam voltadas para o bolsonarista Kássio Nunes Marques, mas o próprio Bolsonaro jogou luzes no segundo ministro a votar, Raul Araújo. Dois meses a mais ou a menos, porém, não alteram os efeitos políticos e os ânimos no PL, que trabalha para salvar Bolsonaro como cabo eleitoral em 2024 e já articula um novo nome à Presidência em 2026. Rei morto, rei posto.