(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 27/06/2023)
Um dos mais sérios problemas da cidade de Patos é não dispor de transporte coletivo, apesar do porte da nossa cidade e da nossa população. O transporte individual, suprido por taxis, mototáxis e lotações, tem até uma oferta maior do que a procura, o que termina prejudicando os próprios profissionais.
E a falta de transporte coletivo tem como maiores prejudicados os estudantes, numa cidade onde muitos precisam se deslocar por grandes distâncias, além de idosos e pessoas com deficiência. Em havendo transporte coletivo, os estudantes só pagariam meia passagem, enquanto os idosos e pessoas com necessidades especiais teriam gratuidade total.
As tentativas de implantar o transporte coletivo em Patos tem esbarrado em duas fontes de concorrência para as empresas de ônibus. Uma a proliferação de transportadores clandestinos, segundo se afirma, inclusive policiais militares de folga. Outra, os táxis lotação que cobram valores, às vezes, menores do que os dos coletivos. Nas cidades onde existem táxis-lotação estes não concorrem com os coletivos pois só funcionam nos trechos onde não há linhas de ônibus.
As sucessivas administrações municipais não têm tido pulso para enfrentar e impedir os clandestinos, colocar os táxis-lotação dentro de sua função suplementar, e controlar, em número razoável, a emissão de alvarás para táxis e mototáxis.
Agora o Ministério Público Estadual recomendou à administração municipal a elaboração de um plano de mobilidade que resolva o problema da mobilidade urbana, aí incluída a possibilidade de implantação do transporte coletivo. A notícia é auspiciosa. Só forçada pela ameaça de ações judiciais será possível resolver este que é um dos maiores problemas da nossa cidade.
Ninguém, se engane. Serão necessárias medidas duras, sem as quais o fornecimento de transporte coletivo em nossa cidade jamais se tornará viável. E, sem esta ação do Ministério Público jamais será resolvido este problema, que trará um grande benefício para inúmeros futuros usuários do serviço.
Lembramos aqui um fato de uns vinte anos atrás, na administração do saudoso prefeito Dinaldo Wanderley. A cidade de Patos era enfeiada por um sem-número de barracas de toda espécie, nas calçadas, nos canteiros centrais ou onde mais fosse possível, todas roubando espaço destinado à circulação dos pedestres. E nenhuma administração até então tivera coragem de enfrentar o problema, pelo custo político que isto representaria. Até que o promotor público João Manuel de Carvalho Filho fez uma recomendação ao então prefeito que a terminou cumprindo, sob as penas da lei. E só restaram a Banca Catedral e a Banca Manchete, justamente porque não invadiam o espaço público destinado à circulação dos pedestres, justificativa para a retirada de todos as demais.
Vamos ver se o promotor Eduardo Luiz Cavalcanti Campos consegue milagre semelhante.