Ensino nos trilhos

By | 11/07/2023 3:34 pm

Escola de tempo integral não é panaceia, mas coloca pais no caminho da educação

 

(Opinião da Folha, em 10/07/2023)

Aula de ciências na Escola Estadual Professor Orlando Geribola, em Osasco (SP), que se tornou integral em 2022 – Karime Xavier/Folhapress

A aprovação na Câmara do projeto de lei que implementa a Escola de Tempo Integral é boa notícia para a educação brasileira. O modelo contribui para diminuir a evasão escolar, melhorar indicadores de aprendizado, além de impactar positivamente o futuro acadêmico e profissional dos estudantes.

Em 2004, Pernambuco foi pioneiro na implantação do sistema. Em 2007, o estado ocupava a 21ª posição no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica do ciclo médio; após sete anos, estava na 1ª.

Uma das metas do Plano Nacional de Educação, de 2014, era ofertar ensino integral em 50% das escolas públicas, que atenderiam no mínimo 25% dos alunos. Mas, em 2021, o índice de matrículas em escola de tempo integral caiu 2,5 pontos percentuais em relação a 2014 —de 17,6% para 15,1%.

A implantação do modelo aumenta sobremaneira os gastos de estados e municípios, já que é preciso expandir estrutura física (salas, material didático, merenda escolar etc.) e de pessoal (contratação e capacitação de educadores).

O projeto prevê auxílio de R$ 4 bilhões: metade em 2023 e 2024, e o restante no biênio seguinte. A meta é viabilizar 1 milhão de novas matrículas no curto prazo e, até 2026, chegar a 3,2 milhões.

O Ministério da Educação também fornecerá orientação técnica às redes sobre alocação dos recursos, redesenho curricular, diversificação de materiais pedagógicos e indicadores de avaliação contínua.

O ensino médio merece atenção especial. Em estratos mais pobres, é comum que adolescentes trabalhem para contribuir com a renda familiar. Por isso o aumento do número de escolas de tempo integral nem sempre é acompanhado por alta adesão do corpo discente.

Em São Paulo, por exemplo, 45% das escolas estaduais são de tempo integral, mas apenas 17% dos alunos estudam nelas.

Ou seja, um efeito adverso é acabar aprofundando desigualdades, ao empurrar alunos vulneráveis para o ensino parcial, que recebe menos recursos, ou para a evasão escolar. A oferta de bolsas pode ajudar esses jovens a se dedicarem apenas aos estudos.

Não há bala de prata que resolva problemas complexos, mas implementar o ensino integral como política pública de Estado ao menos coloca o Brasil no caminho já trilhado por países que são referência mundial na área da educação.

editoriais@grupofolha.com.br

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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