(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 11/07/2023)
Hoje, que me permitam os historiadores Romildo Sousa e Damião Lucena, vou fazer um pouco de história. Outro dia ouvi alguém se referindo à rua Porfírio da Costa como se fosse a rua da Baixa. Há aí uma verdade apenas parcial. A rua da Baixa na realidade era um pequeno riacho formado pelas ruas Padre Anchieta, parte da Porfírio da Costa e parte da Augusto dos Anjos. Dali ia desaguar no rio da Cruz. Estes trechos de ruas ficaram inundados parcialmente na maior cheia da história recente de Patos, a cheia de 1967. Naquela oportunidade, várias casas foram inundadas no trecho mais baixo daquelas ruas. E eu fui ver o “mundão dágua”, advertido por amigos que passavam pela Rádio Espinharas, quando eu ali chegava para “abrir” a programação da emissora, às cinco horas da manhã. A rua da Baixa estava inundada. Era o represamento do Rio Espinharas, formado pela junção do Rio da Cruz e do Rio da Farinha, logo ali perto, na altura da rua Espinharas, antiga rua do Mosquito.
Quem percorreu a rua Irineu Jóffily, uns sessenta anos atrás, deve se lembrar que no cruzamento daquela rua com a Padre Anchieta, se formava uma baixa, formada pela descida da Irineu Jóffily desde a rua dos Dezoito e da subida em da Augusto dos Anjos, onde havia um bueiro pelo qual escoavam as águas do riacho formado pela rua Padre Anchieta. Era esta baixa que dava o apelido da rua Padre Anchieta. Com o calçamento, e depois o asfaltamento, das duas ruas, o bueiro desapareceu. Mas, como a baixa continuava, o apelido continuou.
Os antigos têm um dito, “é mais conhecido do que as “negas” da rua da Baixa”. A referência era justamente às “negas” da rua Padre Anchieta, que habitavam a parte principal e os becos daquela rua, vários deles ainda existentes. Ali os boêmios patoenses se divertiam.
Como o riacho da Padre Anchieta escoava no final daquela rua, pela rua Porfírio da Costa e depois pela parte final da Augusto dos Anjos, todo aquele trecho passou a ser conhecido como rua da Baixa. Ali ficava o antigo polo calçadista de Patos. Dali saía o bloco dos Sapateiros. Lá ainda moram muitos parentes meus, alguns deles sapateiros. A principal rua da Baixa é a Padre Anchieta. Trechos da Porfírio da Costa e Augusto dos Anjos também são referidos como se fossem também rua da Baixa.
Nasci ali pertinho, na rua dos Dezoito, e por ali perambulei na minha infância. E por lá ainda hoje circulo.