A BANDA DE MUSICA (seguido de comentário nosso)

By | 30/07/2023 7:00 am

(Misael Nóbrega de Sousa)

Todo amanhecer é Divino. Porém, aquele em especial, encheu-me de esperança. Era outubro de 2003. Ao abrir a janela de minh’alma, fui agraciado com uma formosura análoga. A banda… Passava em minha rua, “cantando coisas de amor”.

Por instantes, lembrei dos soldadinhos da minha infância, à rua capitão Ló… – Será que fugiram da caixa de sapatos, onde repousavam eternos, para marchar em pleno arrebol?

A cadência melódica era ditada pelo maestro, que destacado dos demais, abanava a sua batuta para extrair os mais perfeitos acordes. Logo atrás, carregando os instrumentos de fabricar sonhos, vinham os músicos… – Enfileirados, de forma igual. A pancada mais forte no bombo marcava os passos (direita, esquerda; direita, esquerda).

A cidade que me viu nascer tem uma filarmônica, testemunha de muitas narrativas e guardiã de nossos segredos mais íntimos – A qual batizaram de 26 de julho. Quantas histórias não existem ali, passadas de gerações em gerações.

Vejo rostos jovens, como uma poesia que se renova, a manejar trompas e trombones – E procurei por: Afonso “bacalhau”, Assis “casca de bala”, Valdemar “do pandeiro”, Edson “maestro” Morais, Hermes Brandão, “Valdim” de Misael – Que viveram e morreram na banda de música… E hoje são personagens memoráveis desse folclórico conjunto de partituras.

Devemos admitir: o novo sempre vem.

Em cada dobrado, a devoção à uma cidade… – Por respeito e admiração, recíprocos. Quem dera, este concerto acontecesse, todas às vezes, em que pensamos em morrer.

Ao ouvir a celebração da existência, não teríamos razões para desistir… Agradeci, interiormente, àqueles destemidos encantadores de auroras, pois meu coração necessitava daquele regozijo. Lá, rá, lá… Solfejei.

Revigorado, os vi dobrarem a esquina, em busca de outra alma infausta. – Que venha novembro!

Comentário nosso

Usei esta foto, do acervo do historiador Romildo Sousa, publicada na série de matérias sobre a Banda 26 de Julho, que republiquei hoje, porque me vi nestas crianças que acompanham a banda. Fiz muito isto na infância. Sair atrás da banda. Uma, por que criança do meu tempo não podia ver a banda passar, outra, porque nelas sempre ia algum amigo ou parente. Era Bacalhau, casado com minha prima Alzira, José Fernandes (Zé da Trompa) que andara paquerando uma tia minha que morava lá em casa, Edson Morais parente de meu pai, Hermes Brandão cuja mãe era prima de minha avó. Ainda hoje fico todo arrepiado quando vejo uma banda passar. É uma profunda lembrança da Banda 26 de Julho, onde Misael via o tio Valdinho, e eu via aqueles amigos que já se foram e dos quais só resta a saudade. Banda que fazia a alegria da minha infância, e de muitos meninos como eu, quando passava pela rua dos Dezoito, onde residi até os treze anos. (LGLM)

Comentário

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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