Celebração verde-amarela, que alimentou corações de bolsonaristas, muda de protagonista, saindo das mãos do ‘Capitão’ e passando para seu maior inimigo
Estudos feitos pela AP Exata, em 2022, mostram que os atos nas ruas no Dia da Independência naquele ano fizeram com que Bolsonaro atingisse 43% de menções positivas no Twitter, enquanto Lula registrou 33%.
Esse efeito pró-Bolsonaro, no entanto, durou pouco. Na altura, a esquerda alardeava pelas redes notícias sobre a alta dos preços dos alimentos, e o presidente perdeu a oportunidade de utilizar a atenção que despertou para falar para os que estavam sofrendo com a inflação. Reverberou um discurso autocentrado na figura de “imbroxável” e comunicou apenas para as bolhas de apoiadores, tornando a repercussão positiva das manifestações em algo efêmero. Em poucos dias, Lula voltaria a ter um protagonismo positivo nas redes, focando na ideia de que, com ele, o povo voltaria a comer picanha.
Este ano, com a esquerda novamente no poder, e com os militares sendo vistos pelos bolsonaristas com desconfiança, o 7 de Setembro parece ter perdido o encanto para a direita. Ela se recusa a participar da festa oficial, promovida pelo governo petista, e, desesperançada, também não se mobilizou para uma festa paralela. Optou por ressignificar o “fique em casa”, esperando que os atos cívico-militares do dia sejam um fracasso de público. Preparam uma invasão de fotos e imagens dos anos anteriores, buscando, novamente, o conforto do passado nostálgico.
O blog analisou as publicações sobre Lula que também citam o 7 de Setembro. Os dados mostram que apenas 1,6% dos posts sobre o presidente, feitos às vésperas do Dia da Independência, se referem à data comemorativa. No ano passado, esse índice era de 10,4% de menções, em posts sobre Bolsonaro. Em 2021, o percentual era de 31,4%, sobretudo devido à polêmica do voto impresso, que foi uma das bandeiras dos atos.
Lula, portanto, será o anfitrião de uma festa que perdeu o aspecto político-ideológico dos últimos anos, para voltar a se transformar em um evento em comemoração à formação da Nação e aos que um dia decidiram separar o Brasil de Portugal. Sem novos significados, mas com todo peso institucional e regimental das solenidades protocolares.