Bolsonaro destruiu a carreira e o nome de Mauro Cid; agora está nas mãos dele

By | 12/09/2023 6:48 am

Parece evidente que oficial do Exército cumpria ordens do chefe e ninguém melhor e com mais conhecimento de causa e de fatos do que ele para fazer delação premiada

Foto do autor: Eliane CantanhêdeComo presidente, Jair Bolsonaro destruiu a carreira, o nome e a honra do tenente-coronel da ativa Mauro Cid. Como ex-presidente, está nas mãos dele. A cada dia aumenta o risco de trocar a glória de ter subido a rampa do Planalto pelo vexame de descer os degraus de uma prisão, não por um, mas por uma sucessão de crimes.

Cid não é santo, não é criança, ingênuo, nem freira no lugar errado. Fez o que fez em sã consciência, achando que o poder pode tudo, tirando casquinha e usando o slogan (com odor fascista) de Bolsonaro, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, como Bolsonaro acima de tudo e de todos, pior que o repulsivo “um manda, outro obedece” do general, então na ativa, Eduardo Pazuello.

Parece evidente, porém, que Cid cumpria ordens do chefe e ninguém melhor e com mais conhecimento de causa e de fatos do que ele para fazer delação premiada e montar o mapa dos desvios e desmandos do governo do capitão reformado, onde as regiões são as várias frentes de investigação. Ele, Cid, desbravou todas elas em posição de executor-mor. E quem era o mandante?

Quatro meses preso por certificados falsos de vacina, Cid também é pivô nas investigações sobre colares, relógios e diamantes; venda e recompra de parte das joias no exterior; vazamento de inquérito sigiloso da PF para divulgar fake news contra as eleições; milhões de reais em contas e o dinheiro vivo que ia, por exemplo, para então primeira-dama Michele.

Por fim — ao que se sabe até agora –, Cid andava em péssimas companhias, falava e trocava mensagens por celular até com um amigo militar de Bolsonaro expulso do Exército e até na antessala do gabinete presidencial. E guardava uma minuta de golpe à semelhança da encontrada antes pela PF na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres – o outro homem-bomba de Bolsonaro.

Cid sabe de tudo, participou de tudo e percebeu que estava sendo jogado ao mar quando Bolsonaro declarou que “cada um segue a sua vida”. A gota d´água para a delação premiada foi a operação da PF contra seu próprio pai, general Mauro Lourena Cid, que integrou o Alto Comando do Exército. Jogou a toalha: a verdade ou a mentira, ele (Bolsonaro) ou eu. Agora é saber também, por exemplo, como os “generais do Planalto” entram na história.

Além da disputa entre PGR e PF pelas delações premiadas, o que incomoda e pode embaçar a verdade é uma balança desequilibrada: enquanto aperta o torniquete contra Bolsonaro, o STF, inclusive monocraticamente, alivia contra todos os alvos da Lava Jato. Isso confunde a sociedade e atiça os golpistas, que lutam para deslegitimar o que é legítimo e legal: a delação premiada de Cid.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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