Falta ao governo federal um plano estruturado para a segurança pública no país
“Você não enfrenta crime organizado com fuzil com rosas.” A frase mal-ajambrada, sobre a situação calamitosa da Bahia, foi proferida pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli —cotado para substituir Flávio Dino, caso o titular da pasta deixe o cargo para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal.
A fala peca pelo descomedimento e revela mais que a falta de um programa de combate à grave crise de segurança pública em curso no estado, sob a gestão do petista Jerônimo Rodrigues.
Só em setembro deste ano, mais de 50 pessoas foram mortas pela polícia baiana, que segue o comando de governadores do PT desde 2007. De 2015 para 2022, quadruplicou o número de mortes registradas como “autos de resistência”.
Como avaliam especialistas, sobram ações paliativas e faltam políticas devidamente planejadas.
Por trás da sopa de letrinhas das iniciativas em curso —como PAS (Programa de Ação na Segurança), Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) e Susp (Sistema Único de Segurança Pública)— estão operações especiais e ações pontuais, não um projeto efetivo de mudança.
Programas culturais, distribuição de viaturas e outros equipamentos e novas sedes da Casa da Mulher Brasileira estão entre as ações realizadas até o momento.
Mesmo em áreas exitosas, como o controle de armas, o avanço na prática tem sido lento. A transferência dos registros de colecionador, atirador desportivo e caçador (CAC) do Exército para a Polícia Federal deve ser concluída apenas em janeiro de 2025.
Também falta transparência sobre as medidas. Na sexta-feira (27), Cappelli anunciou uma ação conjunta com o governo do Rio de Janeiro no Complexo da Maré. Os pormenores não foram detalhados, exceto que a Força Nacional de Segurança será convocada.
O Ministério da Justiça está prestes a anunciar um plano nacional de combate ao crime organizado. O risco é repetir erros passados, como gastar recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública com diárias de agentes em operações ostensivas, sem investimento de longo prazo em inteligência e controle da letalidade policial.
Insegurança é razão de insatisfação para 71% dos brasileiros ouvidos pelo Datafolha. Nem rosas nem fuzil resolverão o problema; planejamento e inteligência, sim.
Comentário nosso
Os bandidos estão tomando conta do país e os sucessivos governos não tem programas efetivos de combate à violência. Os diversos governos só tomam medidas pontuais de enfrentamento, sem procurar combater as causas da violência. As milícias, as facções e os traficantes que não são ligados às entidades anteriores estão tomando conta do país. As polícias de modo geral são despreparadas para enfrentar os bandidos, enquanto as causas da violência não são enfrentadas pelos governos. Não se sabe onde vamos parar. Ao cidadão só resta gradear suas casas, enche-las de cercas elétricas e deixarem de andar nas ruas para não ficarem à mercê dos bandidos ou de uma bala perdida, muitas vezes disparadas pela própria polícia. (LGLM)