(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 03/10/2023)
A sessão da nossa Câmara de Vereadores, na última terça-feira, 26/09, foi marcada por uma troca de farpas entre os vereadores Jamerson Ferreira (Solidariedade) e David Maia (Democracia Cristã).
Segundo Jozivan Antero registrou em seu Polêmica Patos, teria acontecido o seguinte: ”O fato é que, o vereador Jamerson teria chamado alguns vereadores de Lagartixa (aqueles que só balançam a cabeça e nada fazem) e isso acabou gerando indigestão para alguns pares. Jamerson Ferreira, interveio na fala de David e disse: Você é um vereador lagartixa e Maia respondeu: E você é um palhaço.””
Vereador de primeira legislatura, David talvez não saiba que não é primeira vez que os vereadores subservientes aos seguidos prefeitos têm recebido a classificação de lagartixa. E eles têm merecido isto.
Depois que a política virou um negócio, tem proliferado “os lagartixas. É cada vez mais comum é o prefeito ganhar uma eleição e perder a Câmara ou ficar com o número de vereadores bem próximo aos da oposição. A saída dele é “cooptar” adversários suficientes para ter maioria na Câmara. Com a maioria garantida, basta “adubar” um pouco os mais recalcitrantes nas votações mais importantes e aprovar tudo o que quer. É onde surgiu a figura do “lagartixa”, como disse Jamerson e que só faz balançar a cabeça, concordando com tudo o que o prefeito quer. Nas últimas eleições, vários vereadores que acompanharam Ramonilson se bandearam para o lado do prefeito, ao invés de ficarem na oposição. Por que?
Há trinta anos atrás disputamos uma vaga na Câmara e ficamos na primeira suplência do PT, que elegeu Bonifácio Rocha. Bonifácio teve 452 votos e eu tive 336. E eu não gastei nada e acredito que Bonifácio não gastou fortunas para se eleger, já que naquela época desenvolvia importante papel social. Mas teve um candidato, que na época faria questão de ser mais votado e trabalhou para isso. No fim perdeu para Chico Bocão. E a votação de Chico era baseada apenas nos serviços prestados que ele tinha no bairro do São Sebastião.
Dizem por aí que a maioria dos vereadores eleitos em 2022 gastou mais de duzentos mil reais para se eleger. Como é que vão recuperar este investimento em quatro anos? Basta você procurar quem indicou a maioria dos cargos comissionados e encontrará grupos de dez ou mais indicados por cada vereador da bancada do prefeito. A título de que?
Além disso, tem prefeito, que segundo se comenta, tem pago um mensalinho todo mês a vereadores da sua bancada. Alguns acham pouco e em matérias de interesse do prefeito, ainda cobram pelo voto. A gente pode dizer o milagre, mas não pode dizer o santo, mas quem frequenta os bastidores da Câmara conta destes fatos. Tem votação que chega a ser suspensa, enquanto alguns vereadores acertam seus votos. Tem vereador que chega a cobrar até pelos títulos de cidadão concedidos, como aconteceu com o saudoso empresário João Claudino, que se recusou peremptoriamente a pagar. Há exceções, mas são raras.
A política passou a ser um negócio muito rendoso. Em todos os níveis. E virou meio de vida!