Lula escolhe falar grosso e arruinar credibilidade da política externa ao atacar Israel (com comentário nosso)

By | 16/11/2023 8:15 am

Postura atual do Brasil no conflito na Faixa de Gaza, igualando israelenses ao Hamas, limita as opções da diplomacia depois da fase aguda do conflito

Foto do autor: William WaackA política externa de potências regionais médias com escassa capacidade de projetar poder, como é o caso do Brasil, precisa de sutileza, credibilidade e reputação. No caso do conflito em Gaza, o presidente brasileiro escolheu falar grosso, arruinar a credibilidade e buscar reputação com um dos lados envolvidos.

Israel está sendo criticada com veemência, contundência e palavras duras pronunciadas por países democráticos, que consideram inaceitável a matança de civis na operação militar contra o terrorismo do Hamas. Esses mesmos países, porém, não igualam Israel ao Hamas, como Lula insiste — por mais que denunciem o sofrimento imposto aos civis em Gaza.

Lula iguala Israel ao Hamas, como no discurso ao receber brasileiros que estavam em Gaza, e dificulta a vida da diplomacia brasileira
Lula iguala Israel ao Hamas, como no discurso ao receber brasileiros que estavam em Gaza, e dificulta a vida da diplomacia brasileira Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Ao desprezar esse tipo de sutileza, Lula perde a credibilidade de uma política externa que pretende defender princípios consagrados. Ela sofre fortemente com relativismos frente ao conceito de democracia, como ocorreu com a Venezuela, ou quando se denuncia como crime de guerra a morte de crianças em Gaza mas não quando a Rússia as deporta da Ucrânia.

Lula está assegurando uma boa reputação sobretudo junto a correntes ideológicas para as quais o tal “mundo livre” não passa de uma ficção imposta pela hegemonia americana, da qual Israel é peça fundamental. Além de alguns países, como Irã e Rússia, dedicados a combater os Estados Unidos e suas alianças.

É fato que política externa é a do presidente, e a diplomacia (entre outras ferramentas) faz o que ele quer. A de Lula é em função de sua pessoa e do papel extraordinário que ele se atribui como uma espécie de “guardião da paz” no cenário internacional, embora haja uma evidente desconexão entre o peso que ele julga ter e o peso real do Brasil.

Em relação a si mesmo, o presidente tem, como todo populista (de esquerda ou de direita) a convicção de saber melhor do que ninguém o que é bom ou desejável para o “interesse nacional”. Do qual se coloca como principal senão único intérprete.

Há também um importante fator político doméstico embutido nas posturas de Lula frente ao conflito de Gaza, mas não só. Ele escolheu trazer para a polarização política brasileira o que já sempre foi um perigoso contexto de disputa de narrativas e guerra de informação. Seu cálculo político eleitoral baseia-se na manutenção do embate com o que possa ser chamado de bolsonarismo.

Muito do que virá “depois” dependerá das operações militares israelenses neste momento, mas do jeito em que está a situação atual pode-se antecipar um esforço diplomático considerável, com endosso americano, para algum tipo de arranjo político na direção de “dois Estados”. É essa oportunidade do “depois” que Lula está desperdiçando.

Comentário nosso

Lula continua a dizer besteira. Acusam Israel de matar inocentes> E que guerra não faz isso? O que o Hamas foi fazer em Israel ao deflagrar esta guerra? Foi matar e sequestrar pessoas, a maioria sem ter nada a ver com a briga entre os dois.  Israel está retaliando, duramente admitamos, ao terrorismo do Hamas. Mas me mostrem uma forma de combater o terrorismo sorrindo e passando-lhe a mão na cabeça. Não basta matar os seus dirigentes, sempre aparecerão que os substitua. Ao matarem Osama bin Laden, por acaso, acabaram com o terrorismo no mundo? Ou se destroem os chefes, os sub-chefes, os seus assessores e sucessores, ou se destroem as suas bases, os seus armamentos ou a violência continua a campear. É mais fácil controlar os militares de que controlar os bandidos, embora muitos militares tenham se tornado bandidos. Temos cá entre nós o exemplo dos milicianos. Os militares só se tornam mais perigosos se os deixarmos praticar golpes de Estado, pois aí eles viram bandidos fardados. Fato de que escapamos há pouco, por pouco. (LGLM)

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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