(Misael Nóbrega de Sousa, jornalista e professor)
O dia 20 de novembro é o dia da consciência negra. A data é uma homenagem à morte de Zumbi dos Palmares, símbolo de liberdade da cultura negra. Relembro a diáspora Africana… – Não falo da imigração forçada, mas das lutas; não falo da escravidão, mas da ressocialização. Ideias e crenças. Identidade. Reconhecer-se. O Brasil é afro, é África, é negro, é graça, é miscigenação. A igreja da Penha é negra. O porto de salvador é negro. O Rio de Janeiro. São Paulo. As ruas da cidade onde moro, os meus becos, os meus medos… – Negro é dizer não ao preconceito, a servidão disfarçada. Os movimentos sociais são negros. Negro é resistência; é persistência; é resiliência… – Negro é José do Patrocínio, Dandara, Luiz Gama, Machado de Assis, Cruz e Souza, Nilo Peçanha, Pixinguinha, Carolina de Jesus, Grande Otelo… – Que se doaram dia e noite contra o chicote e o açoite, o pelourinho, o vira mundo, as senzalas… – Usando como revolta, o amor. Negros de peles negras; negros de almas negras; negros de sangues negros. Negros são os pés descalços, a ancestralidade, as vozes dos quilombos, o empoderamento, o caminho a frente, as batalhas que ainda serão travadas, o discurso de Martin Luther King… – Negro é a Umbanda, o Candomblé, o Mungunzá, o Vatapá, o Abará, a Capoeira – “Qué apanhá sordado? – O quê? – Qué apanhá? Pernas e cabeças na calçada”. Negros são os meus cabelos pixains. Hoje é um dia de reflexão sobre intolerância religiosa e o racismo. É também um dia de pedir por Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Racial e de preservação dos nossos direitos. A minha história é negra, como negra é a minha oposição à indiferença. A minha pele é negra, pois o que me define é a minha consciência. Eu sou negro e daí?
Comentário nosso
- Atire a primeira pedra aquele que nunca teve um negro dormindo nas camas da família, desde 1500. (LGLM)