Os deputados federais aprovaram ontem o projeto de lei que torna o Dia da Consciência Negra feriado nacional. Foram 286 votos a favor, 121 contra e duas abstenções.
A proposta já havia sido aprovada pelo Senado e vai agora para sanção do presidente Lula.
“Se a gente fizer uma lei por ano que melhore a questão da igualdade racial, estamos satisfeitos. Se forem duas leis, melhor ainda”, disse o deputado paraibano Damião Feliciano (União Brasil), em entrevista ao ´Estadão´, acrescentando que “a bancada negra não é da esquerda nem da direita”.
Comentário nosso
O brasileiro precisa ter consciência de que o sangue negro é parcela importante nas veias da nossa população. Fomos gerados, na nossa grande maioria, pelos colonos portugueses, pelos índios e pelos negros. Poucos brasileiros podem se arvorar de não terem uma parcela de sangue negro. Como dizia uma personagem de Jorge Amado que em toda cama baiana já dormiu um negro, como referência ao fato de todo baiano ter um pouco de sangue africano. Cada um dos brasileiros de hoje tem um pouco de sangue africano. Junto com o sangue português, espanhol, italiano, alemão, polonês, russo, grego, francês, inglês, japonês, chinês e por aí vai. Além do indígena. Quem não tem na família alguém “com o cabelo ruim”? Afinal para que serve a “pranchinha”? Mesmo os descendentes do branco europeu logo misturaram seu sangue com um brasileiro com sangue diferente. E os nossos afrodescendentes não têm o reconhecimento por isso. Por isso a importância deste Dia da Consciência Negra para que os brasileiros sejam sempre lembrados de que certamente somos um pouco negros. Segundo o IBGE cerca de 56% da população brasileira é formada de pardos (45,3%) e pretos (10,6%). E lembrar este fato para nós é muito mais importante do que fatos como a Independência do Brasil e a Proclamação da República. Afinal onde está a nossa independência e onde está a nossa República, ambas abastardadas ao longo do tempo. (LGLM)