(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 05/12/2023)
Um tio meu, que viveu seus últimos anos de vida, numa granjazinha minha, no Bonfim, dizia que o mais triste da velhice era a morte dos parentes e amigos. Quanto mais velhos ficamos, mais amigos se vão antecipando a nós na despedindo desta vida. Ele quase chegava aos noventa, eu ainda estou às vésperas dos oitenta. Mas cada dia lhe dou mais razão.
Esta semana, perdi destes amigos que marcaram etapas diversas de minha vida. Entre 1960 e 1963 trabalhei no Armazém do Leão, que se dedicava à venda de estivas e ficava quase em frente da prefeitura. No prédio vizinho, ficava uma loja de eletrodomésticos, salvo engano chamado a Pérola, pertencente ao empresário Hardman Cavalcante, que chegou a ser um dos homens mais ricos de Patos. A Pérola era frequentada por dois dos seus filhos, Júnior, que faleceu muito cedo, e Pedro Cezário que a vida levou esta semana. Os dois eram pequenos, Júnior com uns doze anos, Pedro Cezário com uns sete anos. Os dois sempre entravam no Armazém puxando conversa com um e outros. E querendo brincar com os mais novos. A vida me levou por muitos lugares, mas sempre tinha notícia de Pedro Cezário que era muito comunicativo e sempre cumprimentava os amigos, por humildes que fossem. Exímio violonista, boêmio inveterado, engenheiro agrônomo do Estado, nunca quis sair de Patos.
De 1961 a 1964, frequentei o Colégio Estadual de Patos, onde cursei o Científico. Uma das minhas colegas era Margarete Vilar, que morava na rua Duarte Dantas, por trás da Catedral. Inteligente e muito simpática era uma das garotas bonitas da turma, sem “frescuras”, embora se mantendo “na sua”, sem permitir intimidades. Depois fui reencontrá-la trabalhando no Paraiban onde também trabalhava minha atual esposa Arlene. Margarete sempre cumprimentava o antigo colega de classe e depois virou ouvinte assídua dos meus programas, assim como as suas outras irmãs. Depois de bancária fez curso superior e virou professora.
Na década de setenta convivi na Rádio Espinharas com dois irmãos: Virgílio e Francisco. Piancòenses, que moraram em Patos muito tempo.
Francisco, salvo engano, fez aqui o curso ginasial e o científico e foi fazer faculdade, da área de Informática, em Campina Grande.
Aqui trabalhou durante algum tempo na Espinharas, onde trabalhava desde que viera de João Pessoa, o mano Virgílio Trindade, grande profissional, em tudo que intentou. Como jornalista, comentarista esportivo, contador, compositor, cantor, treinador de futebol.
Formado em Campina Grande, Francisco fez concurso para a CELPE, empresa concessionária de eletricidade de Pernambuco, a “Saelpa” dos pernambucanos. Na segunda vez que morei em Recife, Francisco aparecia, vez em quando lá em casa, principalmente aos domingos, onde muitas vezes acompanhamos através do rádio os jogos do Nacional. Morou depois em João Pessoa, uma época em que também já estávamos morando lá e nos encontramos muitas vezes. Depois, perdi-o de vista.
Para completar neste domingo, morreu o grande repentista Sebastião Dias, que participou de vários dos festivais que apresentei em Patos. Um imenso poeta e uma grande figura humana. E que chegou a ser prefeito, na cidade pernambucana de Tabira.
A vida me distanciou de todos eles, mas a fatalidade os levou à morte, na mesma semana. Esta semana perdi quatro amigos de fases diversas da minha vida: Pedro Cezário, Margarete Vilar, Francisco Trindade e Sebastião Dias. Que Deus os tenha. Nossas condolências a todos os familiares deles, todos amigos nossos.