Lula fala em ‘colheita generosa’ em 2024 e diz que 8 de janeiro teve ‘efeito contrário’

By | 25/12/2023 9:05 am

Em pronunciamento de Natal, presidente faz balanço do primeiro ano de seu terceiro mandato, em rede nacional de rádio e televisão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da celebração de Natal dos catadores e da população em situação de rua em Brasília, no dia 22 de dezembro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da celebração de Natal dos catadores e da população em situação de rua em Brasília, no dia 22 de dezembro. Foto: Wilton Junior

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que, no ano de 2023, o governo federal criou condições para uma “colheita generosa” em 2024. Ao enaltecer ações da gestão e aprovação de matérias no Congresso Nacional, o chefe do Executivo abordou os ataques golpistas de 8 de janeiro contra a sede dos Três Poderes em Brasília e disse que os atos tiveram “efeito contrário” ao ódio.

As declarações ocorreram durante o primeiro pronunciamento de Natal, do terceiro mandato de Lula, em rede nacional de rádio e televisão. “2023 foi o tempo de plantar e de reconstruir”, classificou o presidente. “Aramos o terreno, lançamos as sementes, aguamos todos os dias, cuidamos com todo o carinho do Brasil e do povo brasileiro. Criamos todas as condições para termos uma colheita generosa em 2024.”

Ao fazer um balanço do ano, Lula citou a retomada e o fortalecimento de políticas públicas no Brasil, como o Minha Casa, Minha Vida, em que algumas tinham sido desidratadas ou descontinuadas durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. O petista comemorou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima das previsões do mercado e a inflação sob controle. “O preço dos combustíveis está caindo e a comida ficou mais barata”, comentou.

Dentre as agendas do governo, o presidente falou sobre a geração de empregos, a nova política de valorização do salário mínimo e a aprovação da lei de igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função. “Em 2024, vamos trabalhar fortemente para superar, mais uma vez, todas as expectativas.”

Já na área econômica, Lula destacou o programa Desenrola, de refinanciamento de dívidas de pessoas físicas, e a aprovação da taxação de super-ricos e da reforma tributária no Congresso Nacional, classificando como “feito histórico”. “Além de estimular os investimentos e as exportações, a reforma corrige uma injustiça: agora, quem ganha mais pagará mais imposto, e quem ganha menos pagará menos.”

O presidente afirmou que o governo cuidou com “responsabilidade dos recursos públicos” e fez um aceno à despolarização. “Investimos onde era preciso investir, em parceria com estados e municípios, sem perguntar qual o partido do governador ou do prefeito”, disse.

“Aumentamos os investimentos em saúde e educação e estamos apoiando os Estados no combate ao crime organizado. Além de armamento pesado, apreendemos R$ 6 bilhões de reais em bens do narcotráfico, entre dinheiro vivo, apartamentos, mansões, automóveis de luxo e até aviões e helicópteros”, acrescentou.

Na fala, o petista também falou sobre o restabelecimento do Brasil em fóruns internacionais. Em 2023, Lula passou grande parte do ano viajando para, segundo ele, recuperar a imagem do País perante o mundo. Segundo o petista, foi restabelecido o diálogo com o mundo e a credibilidade internacional.

“O país voltou a ser ouvido nos mais importantes fóruns internacionais, em temas como o combate à fome, à desigualdade, a busca pela paz e o enfrentamento da emergência climática”, comentou. “O desmatamento na Amazônia caiu 68% em novembro. Aumentamos os investimentos em biocombustíveis e na geração de energia eólica e solar. Estamos dando os primeiros passos na produção de hidrogênio verde, a energia do futuro. Consolidamos o papel do Brasil como potência mundial na produção de energia renovável.”

8 de janeiro

A menção ao 8 de janeiro fez parte do discurso do presidente para que a invasão do Congresso, do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) não seja esquecida. Na ocasião, extremistas defenderam um golpe militar no País para destituir o petista, que havia tomado posse uma semana antes, após vencer Bolsonaro na eleição de 2022.

Segundo Lula, o ódio de alguns contra a democracia “deixou cicatrizes profundas e dividiu o país”. “Colocou em risco a democracia. Quebraram vidraças, invadiram e depredaram prédios públicos, destruíram obras de arte e objetos históricos”, comentou. O petista, contudo, pontuou que a “tentativa de golpe causou efeito contrário”.

“Uniu todas as instituições, mobilizou partidos políticos acima das ideologias, provocou apronta reação da sociedade. E ao final daquele triste 8 de janeiro, a democracia saiu vitoriosa e fortalecida. Fomos capazes de restaurar as vidraças em tempo recorde, mas falta restaurar a paz e a união entre amigos e familiares”, disse.

“E ao final daquele triste 8 de janeiro, a democracia saiu vitoriosa e fortalecida. Fomos capazes de restaurar as vidraças em tempo recorde, mas falta restaurar a paz e a união entre amigos e familiares”, acrescentou.

O presidente voltou a fazer uma defesa ao combate das fake news, desinformação e discurso de ódio. “Valorizar a verdade, o diálogo entre as pessoas”, afirmou. Segundo ele, o Brasil voltou a ter um “governo de verdade”.

Lula disse que seu pedido de final de ano é que o “Brasil abrace o Brasil” e afirmou que “somos um mesmo povo e um só país”. “Que no ano que vem sigamos unidos, caminhando juntos rumo à construção de um país cada vez mais desenvolvido, mais fraterno e mais justo para todas as famílias.”

Apesar do discurso no pronunciamento de Natal, o presidente apostou na polarização contra Bolsonaro durante todo o ano, incluindo ataques ao ex-presidente e aos aliados nos discursos. Como mostrou o Estadão, em fevereiro, Lula já havia feito alusões ou menções diretas ao antecessor em 14 de 16 discursos oficiais. Nas declarações, o petista se referiu ao ex-presidente como ‘genocida’, ‘irresponsável’, ‘desumano’, ‘insensato’ e até mesmo como ‘o coisa’.

Em junho, Lula chamou Bolsonaro de “sabidinho” que não aceitou o resultado eleitoral e “quis dar um golpe”. No início de dezembro, o presidente estimulou a militância do PT a nacionalizar a disputa nas eleições municipais de 2024 e afirmou que a polarização entre ele e o ex-presidente deve permanecer no embate do próximo ano.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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