(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 19/12/2023)
Antigamente o Natal se destinava à comemoração do nascimento de Jesus e a confraternização familiar. Depois, o transformaram numa época de troca de presentes a serviço do comércio. Agora muita gente pega carona no Natal para mostrar que faz caridade. E criou-se a distribuição de cestas de Natal com os pobres. Distribuição que fazem questão de divulgar o máximo possível, esquecidos de que Jesus, o pretenso homenageado do Natal, dizia: “não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita”. Interessante é que muitos dos que distribuem estas cestas destinadas aos pobres muitas vezes são políticos ou pessoas que pensam ingressar na política.
Enquanto se fazia eventos para distribuição de presentes e não se tinha interesse eleitoral, era justificável, pois muitas crianças nunca tinham recebido ou raramente recebiam um presente na vida. Mas a distribuição de feiras é uma afronta aos pobres. Uma família que passou o ano padecendo de fome, recebe uma cesta só porque alguém tem pretensões políticas e resolve fazer uma caridade em vésperas de Natal.
Ainda se justifica que algumas entidades distribuam feiras a todo tempo, numa forma de ajudar quem não tem como comprá-las. Mas entendemos muito válido o ensinamento bíblico, tão repetido por dom Hélder Câmara: “Não dê o peixe, ensine a pescar”. Esta doação permanente acomoda as pessoas e desestimula a que procurem estudar e trabalhar. Fazer uma doação temporária a quem passa por necessidade é uma coisa. Sustentar quem não se interessa por ganhar ele próprio o seu sustento é um mal que se faz às pessoas.
A mesma coisa deve-se dizer com relação a programas governamentais tipo BOLSA FAMÍLIA. Tais programas deveriam ser temporários enquanto as pessoas estão desempregadas ou após desastres ambientais ou financeiros. Tornados permanentes tais programas viciam as pessoas à vagabundagem. Hoje é cada vez mais difícil encontrar um trabalhador para contratar na zona rural. E também na zona urbana para serviços domésticos. As cidades estão cheias de “gente de rua”, saudáveis e capazes de trabalhar, que preferem viver “largadas”, vivendo da caridade pública, muitas vezes dedicadas às bebidas e às drogas. Quem quiser ver isso, procure ver de perto o que fazem estas pessoas, principalmente nas cidades maiores.
Nós precisamos é de programas para recuperar estas pessoas, os dependentes de “bolsas famílias” e o “povo de rua”, para que se tornem produtivas. Para os governantes é muito fácil distribuir estas bolsas, ganham votos como isso, mas estão viciando as pessoas e ao invés de lhes fazer o bem, os estão estimulando a não fazer nada produtivo. Tais programas poderiam até ajudá-los temporariamente, mas exigindo deles participar de uma formação profissional e a prestação de serviços públicos. A mesma coisa se diga às instituições religiosas e outras que mantém a distribuição de feiras. Cobrar alguma coisa ou serviço em troca.
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