Está em curso um movimento pelo fim da reeleição. Ouça o áudio do texto

By | 02/01/2024 7:50 pm

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que vai colocar em pauta uma proposta que prevê o fim da reeleição para cargos no Executivo. Argumenta que existiria uma vantagem desproporcional do incumbente, tanto por ser mais conhecido, como pelo risco de manipular a máquina pública para se reeleger.

(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 19/12/2023)

Concordamos plenamente com a tese da vantagem desproporcional que ele ganha durante os quatro anos de mandato. Visibilidade que nenhum dos concorrentes, normalmente terá. Isto é uma vantagem muito grande. Se Lula não tivesse sido preso não teria ganho visibilidade suficiente para afrontar e derrotar Bolsonaro em 2022. O outro argumento utilizado pelos que propõem o fim da reeleição também foi provado cabalmente pelo uso que Bolsonaro fez da máquina pública, durante quatro anos trabalhando para a reeleição.

Há quem defenda a reeleição alegando que o governante terá a sua administração julgada pelos eleitores que poderão reelegê-lo ou descartá-lo como fizeram com Bolsonaro. Mas não é o que vem acontecendo no país depois da reeleição. A maioria dos que pretendem a reeleição alardeiam com estardalhaço alguma realização que tenham feito e escondem as coisas erradas que não corrigiram, para impressionar o eleitor. Em muitos casos chegam até a fazer uma razoável administração no primeiro mandato e para fazerem o “rapa” em um mandato oriundo da reeleição, principalmente no caso de prefeitos. Os governadores ainda tentam mostrar algum progresso, quando visam pleitear uma eleição de senador depois do mandato para o qual foram reeleitos.

O argumento de que os eleitores julgariam um governante de um mandato para premiá-lo ou castigá-lo teria validade se a maioria dos eleitores fossem realmente conscientes. Mas, a maioria dos brasileiros não usa a consciência na hora de votar. O número de eleitores conscientes é baixíssimo. A maior prova é que, por pior que seja um deputado ou senador, ele consegue se reeleger comprando o voto do eleitor das mais diversas maneiras. Quando não compra o eleitor diretamente, compra o prefeito com o seu curral eleitoral, por isso as eleições de prefeito são desencontradas das eleições de senador e deputado. Numa o prefeito arrebanha os seus eleitores para votar no parlamentar que lhe destinou verbas parlamentares que ele usou como bem quis. Para, na próxima eleição, o prefeito se eleger com o dinheiro das verbas que o deputado lhe conseguiu para ele gastar do jeito que bem queria.  Num eterno círculo vicioso. Se o julgamento do voto valesse alguma coisa no Brasil, não teríamos um Congresso Nacional tão venal e que só pensa em seus próprios interesses, brigando por emendas parlamentares e por dinheiro dos Fundos Partidário e Eleitoral para manipularem as eleições gerais e municipais. Por sinal, se tivessem vergonha os nossos parlamentares acabavam com a reeleição não só de presidentes, governadores e prefeitos, mas também de senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores, proibindo seus parentes até a quinta geração, para ver se os políticos criavam vergonha. No Brasil, mandato de governante e parlamentar virou empresa que passa de pai para filho. Cada Estado tem algumas famílias que dominam a política estadual. Cada prefeitura é disputada por duas/três famílias. Um exemplo é a praga dos Bolsonaros. São quatro metidos na política e por aí vem a mulher de Bolsonaro, tentando substituí-lo, pela sua inelegibilidade. (LGLM)

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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