Haddad X Gleisi: visão econômica, conveniência eleitoral e disputa por 2030 (com comentário nosso)

By | 05/01/2024 1:06 pm

Ministro prestigia a arrecadação, e presidente do PT, os gastos; entre eles, há o interesse do PT em usar a caneta e o governo nas eleições de outubro

(Eliane Cantanhêde, colunista do Estadão, em 04/01/2024)

 

Foto do autor: Eliane CantanhêdeFernando Haddad, o sobrevivente, vai evoluindo para Fernando Haddad, o “austericida”, confirmando a avaliação de um assessor próximo, que vive o dia a dia do Ministério da Fazenda: “Centrão? Que nada! Duro mesmo é conversar com o PT e a Gleisi Hoffmann”. O embate fratricida tem três frentes: a visão econômica, a conveniência eleitoral e a disputa pelo coração do presidente Lula e pela indicação para a eleição presidencial de 2030.

O PT e Gleisi, que foi chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, têm visão econômica mais para Dilma do que para Lula 1 e 2. Haddad evoluiu para mais pragmatismo e respeito aos indicadores macroeconômicos e à responsabilidade fiscal como fatores fundamentais para o crescimento do País e também para a justiça social. O embate vem desde o início de 2023, passando pela desoneração dos combustíveis, âncora fiscal e agora o déficit zero, além da tática de combate aos juros estratosféricos.

O ministro da Fazenda Fernando Haddad, participa de reunião do Diretório da Executiva do PT, ao lado da presidente do partido dos trabalhadores, Gleisi Hoffmann
O ministro da Fazenda Fernando Haddad, participa de reunião do Diretório da Executiva do PT, ao lado da presidente do partido dos trabalhadores, Gleisi Hoffmann Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Nos juros, Gleisi, PT e Lula atacaram diretamente o presidente do BC, enquanto Haddad se esfalfava para abrir canais com Congresso, setor privado e o próprio Roberto Campos Neto – sem deixar de cobrar queda dos juros. No déficit zero, Gleisi e Haddad se enfrentaram num encontro do PT, ambiente favorável a Gleisi, que tem apoio também de Rui Costa, da Casa Civil. Para ela, o que importa é o crescimento econômico, e rigidez fiscal só atrapalha. Haddad rebateu: “Não é verdade que déficit faz crescer. De dez anos para cá, o Brasil fez um R$ 1,7 trilhão de déficit e a economia não cresceu”.

Haddad prestigia a arrecadação, e Gleisi, os gastos. Entre eles, há o interesse do PT em usar a caneta e o governo nas eleições municipais de outubro. O partido, em 11º lugar no ranking de prefeituras em 2022, sem nenhuma de capital, quer tirar o atraso. Já Haddad e Lula focam nas eleições gerais de 2026.

A terceira frente é direta entre Haddad e Gleisi, e também não é de agora. Em 2018, preso, Lula tinha três nomes para a eleição presidencial: Jaques Wagner, que recusou, Gleisi, descartada, e Haddad, que foi para o sacrifício. Com Lula disputando a reeleição em 2026, a projeção para 2030 é de Gleisi versus Haddad novamente.

O fato é que nem Lula, nem Haddad, Gleisi e o PT ganham nada com enfrentamentos, debates em público, briguinhas e ciúmes, principalmente num ano em que o governo tem embates contratados com o Congresso na economia, como reoneração da folha de salários, regulamentação da reforma tributária, segunda fase dessa reforma (que Haddad já descarta para 2024) e vai por aí afora. Se o governo vai bem, o PT também vai. Se não…

Comentário nosso

Político só pensa em eleição. Haddad sofre um fogo amigo do PT porque ele pensa em arrumar a economia do país e o partido só pensa em ganhar as eleições municipais de 2024. Ao mesmo tempo já estão de olho nas eleições de 2026. Se Lula estiver bem tanto política quanto fisicamente será o candidato natural do partido em 2026. Se Lula não estiver em condições e Haddad tiver se dado bem no comando da economia poderá ser o substituto natural de Lula.  Mas tem gente pensando em subsituir Lula, seja em 2026, seja em 2030, entre eles Gleisi e daí parte o mais ativo “fogo amigo” contra Haddad. Seria bom que o PT se desse bem nas eleições de 2024 para se garantir nas eleições de 2026, mas muito mais importante para o país é que Haddad  se dê bem no comando da economia com o que a população como um todo só terá a ganhar. Se a política econômica de Haddar pode envolver medidas que atrapalhem politicamente o PT é melhor que Haddad se dê bem,  por que teremos um benefício imediato para toda a população. Podemos até votar no PT, mas preferimos que o país vá bem economicamente, mesmo que o PT nao se dê bem nas eleições de 2024.  Se Haddad se der bem como comandante da economia tem tudo para se dar bem mais na frente no comando do país. (LGLM)

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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