Lula quer manter um ministério só para Justiça e Segurança Pública, mas com comando duplo (com comentário nosso)

By | 09/01/2024 8:22 am
Foto do autor: Eliane CantanhêdeEm 8 de janeiro de 2023, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, almoçava tranquilamente, enquanto esperava a mulher e o filho chegarem de mala e cuia para Brasília, quando estourou a invasão das sedes dos Três Poderes. Ele correu para o gabinete do ministro Flávio Dino e, depois de virar interventor do Distrito Federal quase por acaso, poderá assumir agora um, digamos assim, meio Ministério da Justiça e da Segurança Pública.

O presidente Lula não vai dividir a pasta em duas, como foi no governo Michel Temer, mas pode redefinir as duas funções, na prática, dentro do mesmo ministério. O ex-presidente do Supremo Ricardo Lewandowski como ministro e, Cappelli, como um super secretário executivo, com carta branca para cuidar da segurança pública.

Ricardo Lewandowski é o mais cotado hoje para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo Lula
Ricardo Lewandowski é o mais cotado hoje para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo Lula Foto: Dida Sampaio/Estadão

Esse formato vem sendo pensado porque os tempos mudaram também na Justiça desde seu primeiro mandato. Em 2003, o advogado e humanista Márcio Thomáz Bastos cabia como uma luva na Justiça, mas tudo vem mudando e, hoje, 90% do tempo e da energia da pasta estão concentrados na segurança pública, o que pede outro perfil, ou divisão de tarefas.

Com organizações criminosas ricas e sofisticadas, milícias, tráfico de drogas e até de pessoas, a violência está fora de controle, os Estados e municípios não dão conta, e o governo federal é obrigado a redefinir sua participação numa questão que envolve toda a sociedade e só piora. Cappelli já mostrou que tem pulso firme nessa área.

Naquele 8/1/2023, Lula já havia definido que o interventor no DF seria o próprio Flávio Dino, que, num estalo, consultou a Constituição e confirmou que perderia o mandato, recém-conquistado, de oito anos no Senado. Uma coisa é perder para uma vaga no Supremo, outra seria para uma função temporária.

Ricardo Cappelli, secretário-executivo e que foi interventor na segurança do DF, ganharia mais poder com a nova configuração
Ricardo Cappelli, secretário-executivo e que foi interventor na segurança do DF, ganharia mais poder com a nova configuração Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Cappelli tinha visto os soldados da segurança do ministério na lateral do prédio, foi até lá, deu ordem de comando e pôs todos eles em fila na entrada principal, numa barreira para impedir uma eventual invasão. Dino viu tudo pela janela. Quando Cappelli voltou ao gabinete, já era praticamente interventor, sem ser consultado. Arregaçou as mangas, assumiu o controle das tropas da PM, empurrou a turba para fora da Esplanada dos Ministérios e se tornou o “braço executivo” de Dino e Lula na intervenção.

Habilitou-se, assim, para assumir cargos mais ambiciosos. Se não exatamente ministro da Justiça, por que não ministro da Segurança Pública na prática? Quando lhe perguntei, Cappelli, hoje ministro interino, desconversou, mas aproveitou para explicar por que previa paz no dia do primeiro aniversário das invasões: “A Papuda é pedagógica.

Comentário nosso

Têm razão os dois. Lewandowski em não aceitar um Ministério dividido e Lula em querer fortalecer a área de segurança pública com um comando específico da área, na condição de adjunto. Há muitos interesses envolvidos na questão da segurança pública e só com um ministério fortalecido, capacitado em tomar medidas sérias e muitas vezes antipáticas vai se conseguir resolver o problema de segurança pública e combate à violência que se torna cada vez mais sério. Em muitos estados a bandidagem está dominando. E medidas sérias terão que tomadas para reverter a situação.  (LGLM)

 

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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