Gilberto Kassab disse certa vez, com humor, que o PSD não era “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”. Eu me permitiria discordar dessa interpretação, por considerar que o partido é, simultaneamente, “de direita, de esquerda e de centro”. Com isso, quero dizer que não ignoro as evidências de que o partido tem um pé em cada canoa, mas reconheço que ele se insere dentro de certa tendência moderna a abrigar políticos de correntes com nuances entre si, que tendo diferenças em relação a aspectos da vida nacional, podem comungar de um conjunto de opiniões que justifiquem pertencer a um mesmo partido. Ao mesmo tempo, pelo papel que Kassab teve nas suas origens de sua carreira, penso que tem mais densidade potencial para ser o baluarte de certas posições associadas à defesa do livre mercado e das virtudes de um capitalismo dinâmico.
A sugestão é que PSD e PSDB pensem em algum momento em se juntar com um olhar para os próximos 20 anos. O PSD, pelo papel chave que terá na política brasileira. E o PSDB, por ter o que falta ao primeiro: história e conteúdo. Uma fusão entre os dois, de preferência com a “marca” dos tucanos, criaria um partido próximo de 60 deputados, que poderiam chegar a 100 em uma ou duas eleições, dando um esteio para a política e fazendo em relação ao PT o contraponto que este, com grande competência, fez quando FHC governava o País nos anos 90 e começo da década de 2000. Seria a melhor forma do Brasil evitar dois males: i) ter como polo de oposição uma seita de fanáticos; ou ii) ter o PT como único polo de Poder, atraindo nacos de apoios fisiológicos sem qualquer base programática. Sei que em São Paulo os dois partidos vivem às turras mas, olhando para o País, vale a pena pensar em algo como o que está sendo aqui proposto.
Comentário nosso
Muito oportuno o comentário. Precisamos de um partido forte que faça contraponto com o PT. Um partido com políticos mais preocupados com a política no bom sentido, ou seja que critiquem e proponham soluções, ao invés dos oportunistas e paraquedistas que só querem se arrumar com qualquer Governo que assuma o Palácio do Planalto. O Congresso está cheio deles, mas sempre há uma reserva que tenham um pouco de vergonha e menos oportunismo. Pelo menos nisso os Estados ricos têm uma participação positiva. Ainda elegem políticos que não fazem da política um meio de vida e têm um pouco de independência no exercício da política. Nos Estados mais pobres, a pobreza impera e os políticos mal intencionados abusam dela para “pintar e bordar”. Nos Estados mais ricos há menos picaretas, no Estados pobres a picaretagem abunda. Na Paraíba, por exemplo, talvez só escape, Luiz Couto. E nos demais Estados do Norte, Nordeste e parte do Sudeste (Rio de Janeiro, principalmente) a cantiga é parecida. Infelizmente, os mais picaretas estão nestes últimos. Mesmo no Sul bolsonarista ainda tem gente boa. (LGLM)