Por uma fusão autônoma de partidos no cenário brasileiro (com comentário nosso)

By | 12/01/2024 8:41 am

Um país precisa ter o bom debate. A questão é: quem fará o embate político e ideológico contra o PT?

Foto do autor: Fabio GiambiagiNa Espanha, o PP e o PSOE são organizações políticas com perfil claramente definido. O mesmo vale para a social-democracia e a democracia cristã alemã. Nesse sentido, o único partido de verdade que sobrou no Brasil é o PT. Um país, porém, precisa ter o bom debate. A questão é: quem fará o embate político e ideológico contra o PT?

Gilberto Kassab disse certa vez, com humor, que o PSD não era “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”. Eu me permitiria discordar dessa interpretação, por considerar que o partido é, simultaneamente, “de direita, de esquerda e de centro”. Com isso, quero dizer que não ignoro as evidências de que o partido tem um pé em cada canoa, mas reconheço que ele se insere dentro de certa tendência moderna a abrigar políticos de correntes com nuances entre si, que tendo diferenças em relação a aspectos da vida nacional, podem comungar de um conjunto de opiniões que justifiquem pertencer a um mesmo partido. Ao mesmo tempo, pelo papel que Kassab teve nas suas origens de sua carreira, penso que tem mais densidade potencial para ser o baluarte de certas posições associadas à defesa do livre mercado e das virtudes de um capitalismo dinâmico.

Por outro lado, o partido que, depois da redemocratização polarizou com o PT durante 20 anos – o PSDB –, ficou limitado a um papel bisonho. Ele, que chegou a rivalizar com o PT, o PMDB e o antigo PFL como um dos grandes partidos do País, ficou reduzido a pouco mais de 10 deputados, quando tinham sido ainda mais de 50 nas eleições de 2010.
Gilberto Kassab definiu o partido que fundou, o PSD, como não sendo "nem de direita, nem de esquerda, nem de centro"
Gilberto Kassab definiu o partido que fundou, o PSD, como não sendo “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro” Foto: Werther Santana / Estadão

A sugestão é que PSD e PSDB pensem em algum momento em se juntar com um olhar para os próximos 20 anos. O PSD, pelo papel chave que terá na política brasileira. E o PSDB, por ter o que falta ao primeiro: história e conteúdo. Uma fusão entre os dois, de preferência com a “marca” dos tucanos, criaria um partido próximo de 60 deputados, que poderiam chegar a 100 em uma ou duas eleições, dando um esteio para a política e fazendo em relação ao PT o contraponto que este, com grande competência, fez quando FHC governava o País nos anos 90 e começo da década de 2000. Seria a melhor forma do Brasil evitar dois males: i) ter como polo de oposição uma seita de fanáticos; ou ii) ter o PT como único polo de Poder, atraindo nacos de apoios fisiológicos sem qualquer base programática. Sei que em São Paulo os dois partidos vivem às turras mas, olhando para o País, vale a pena pensar em algo como o que está sendo aqui proposto.

Comentário nosso

Muito oportuno o comentário. Precisamos de um partido forte que faça contraponto com o PT. Um partido com políticos mais preocupados com a política no bom sentido, ou seja que critiquem e proponham soluções, ao invés dos oportunistas e paraquedistas que só querem se arrumar com qualquer Governo que assuma o Palácio do Planalto. O Congresso está cheio deles, mas sempre há uma reserva que tenham um pouco de vergonha e menos oportunismo. Pelo menos nisso os Estados ricos têm uma participação positiva. Ainda elegem políticos que não fazem da política um meio de vida e têm um pouco de independência no exercício da política. Nos Estados mais pobres, a pobreza impera e os políticos mal intencionados abusam dela para “pintar e bordar”.  Nos Estados mais ricos há menos picaretas, no Estados pobres a picaretagem abunda.  Na Paraíba, por exemplo, talvez só escape, Luiz Couto. E nos demais Estados do Norte,  Nordeste e parte do Sudeste (Rio de Janeiro, principalmente) a cantiga é parecida.  Infelizmente, os mais picaretas estão nestes últimos. Mesmo no Sul bolsonarista ainda tem gente boa.  (LGLM)

Comentário

Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *