(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 30/01/2024)
Nós tivemos recentemente uma prova da falta de renovação das lideranças políticas, não só entre nós, mas no país como um todo. O PT nasceu em São Paulo e ganhou o resto do país, elegendo Lula presidente por três vezes. Mas na capital paulista onde o PT elegeu três grandes lideranças como prefeitos, Erundina, Marta Suplicy e Fernando Haddad, o partido agora está indo a reboque do minúsculo PSOL, que tem um forte candidato a prefeito, no deputado federal Guilherme Boulos.
E para não ficar mal na fita, o PT teve que reimportar Marta Suplicy, que havia abandonado o partido durante o governo de Dilma Roussef, a favor de cuja cassação inclusive votou. Ou seja, no mesmo Estado onde nasceu, o PT não renovou as suas lideranças a ponto de precisar bajular Marta para voltar para o partido e sair como candidata a vice de Boulos.
Se Lula não tiver mais condições de ser candidato a presidente em 2026 quem poderá ser o candidato do partido? Apenas Haddad, se conseguir sucesso no comando da economia do país, talvez tenha dimensão nacional para tentar manter o partido no poder.
Esta falta de renovação política se reflete em todo o país, onde poucas lideranças novas surgiram nos últimos trinta anos. Na Paraíba a gente pode observar este fenômeno. A maioria dos deputados federais já tem vários mandatos e cada um é dono de um partido. Hugo Motta é dono do Republicanos, Efraim Filho é dono do União Brasil, Aguinaldo Ribeiro é proprietário do Progressista, Wellington Roberto manda no PL, Gervásio Maia é cacique no PSB, Ruy Carneiro pontifica no Podemos, Luiz Couto no PT. Ou seja, os partidos viram empresas pessoais de cada um. E esses “donos” de partidos não têm muito interesse em suscitarem novas lideranças. Para não terem futuros concorrentes.
O mesmo acontece aqui a nível municipal. Patos já teve vários vereadores que se elegeram deputados estaduais e até deputados federais: Ruy Gouveia, Edivaldo Motta e Gilvan Freire. Bivar Olinto e Rivaldo Mederios foram prefeitos e depois deputados federais. Padre Levi, Ivanio Ramalho, Edna Wanderley e Érico Djan chegaram à Assembleia Legislativa. Zé Cavalcanti e Ivânio foram deputados estaduais e depois prefeitos de Patos.Ou seja, uns poucos fizeram carreira, a maioria teve carreira curta.
Mas me mostrem quantas lideranças de futuro surgiram nos últimos vinte anos. Algumas lideranças que tinha algum futuro tiveram as carreiras cortadas pelos seus próprios partidos, justamente porque as lideranças maiores não queriam concorrentes.
Por isso a nossa política não tem suscitado novas lideranças. Os vereadores que elegemos nos últimos anos, quase na sua totalidade viraram meros “puxa-sacos” dos seguidos prefeitos. Ou seja, faltou tutano neles para manterem uma atuação independente e faltou estímulo dos donos dos partidos para suscitarem novas lideranças. Nós últimos cinquenta anos, a política de Patos girou em torno de duas famílias e dificilmente vai sair dessa situação. A menos que o eleitorado patoense resolva mudar a situação.
Vem por aí uma eleição de prefeito e de vereador. Que tal pensarmos em eleger novas lideranças, para mudar a política mesquinha de fazer a mesma coisa só para se manter no poder? Novos nomes estão surgindo, que tal escolhermos os melhores entre eles?
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