Diplomados de baixa renda (com comentário nosso)

By | 16/02/2024 3:56 pm

Cresce no Bolsa Família fatia de formados no ensino superior, que tem distorções

 

(Opinião da Folha, em 15/02/2024)

 

Encontro de alunos de ensino a distância do curso de pedagogia de faculdade particular em São Paulo (SP) – Eduardo Anizelli/Folhapress

A conclusão do ensino superior está relacionada ao aumento da renda pessoal, mas a mera posse de um diploma tem sido menos garantia de emprego ou bons salários.

Segundo estudo do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social, com dados do IBGE, 3,6% dos brasileiros entre 18 e 65 anos em moradias que se enquadram no cadastro de famílias pobres (1,6 milhão de pessoas) tinham curso superior em 2022 —expressiva alta de 1,5 ponto percentual ante 2016.

O cadastro é necessário para obter assistência social de programas como o Bolsa Família. Das pessoas da mesma faixa etária que disseram ter recebido esse benefício, 256 mil (2,1%) concluíram uma faculdade, ante 84 mil (0,9%) em 2016.

Como de costume no país, há grande desigualdade no ensino superior brasileiro —neste caso, acentuada pelo Estado.

As universidades públicas e gratuitas, que têm gasto por aluno comparável aos de países desenvolvidos (US$ 14.735, ante US$ 14.839 na OCDE), atendem pouco mais de 2 milhões de alunos, enquanto outros cerca de 7,3 milhões recorrem à rede privada, de qualidade sabidamente inferior.

Um fenômeno recente e preocupante, aliás, é a explosão das matrículas na educação a distância.

Enquanto isso, alternativas como o ensino técnico não recebem a devida atenção. Relatório de 2022 da OCDE mostra que só 8% dos brasileiros no nível médio cursam essa modalidade; na média dos países da entidade, são 44%. Estamos bem abaixo até de vizinhos como Chile (29%) e Colômbia (24%).

Cumpre, nesse sentido, ofertar mais cursos em compasso com as necessidades do mercado e avançar na reforma do ensino médio, que valoriza a formação técnica.

Já no ensino superior, é necessário diversificar o financiamento das universidades públicas, buscando aportes dos beneficiários de renda mais elevada, e tornar mais efetivo o sistema de avaliação dos cursos a cargo do MEC.

editoriais@grupofolha.com.br

Comentário nosso

Num país, onde 256 mil formados em faculdade sobrevivem com o Bolsa Família, tem alguma coisa errada com a educação. Num país onde apenas 8% da população frequentou cursos técnicos, quando países como Chile a frequência foi de 29% e na Colômbia de 24%, tem alguma coisa errada com a educação. Num país onde as universidades públicas são oferecidas de graça para os ricos, enquanto muitos pobres tem que se submeter a frequentar  universidades particulares tem alguma coisa errada. O Brasil precisa urgentemente de uma revolução na educação, se não a gente vai continuar “indo para o beleléu”. Sem mudanças na educação vamos continuar sendo um país de miseráveis. Com os ricos recebendo a melhor educação, de graça, e os pobres tendo que pagar por uma educação de baixa qualidade. Melhor educação básica para os pobres lhe darão maiores chances de ocuparem melhores faculdades e de graça. (LGLM)

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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