Relatório do TCU divulgado pelo Estadão mostra como acesso às armas foi facilitado a criminosos
O então presidente Bolsonaro derrubou três portarias do Exército sobre monitoramento de armas e munições e lançou múltiplos projetos para um “liberou geral” de revólveres, fuzis, balas, usando os CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores) como canal e aval. Assim, o número de armas em mãos de civis disparou, de um lado, e o controle diminuiu, do outro. Conta altamente perigosa.
O levantamento do TCU, obtido pelos repórteres Tácio Lorran e Vinícius Valfré, tem 139 páginas e mostra que 5.235 pessoas que cumprem pena registraram armas no Exército, entre eles, condenados por assassinato, tráfico de drogas, estupro. E, veja bem, 2.690 foragidos da polícia têm armas legais! Para “se defender”? São colecionadores? Sócios de clubes de tiro? Ou caçadores? Aliás, até onde a caça é legal no País?
Não se sabe exatamente por que a obsessão de Bolsonaro e seus filhos por revólveres e tiros, a ponto de o deputado Eduardo Bolsonaro ter um fuzil na sala de jantar e animar o chá de bebê da filha com disparos. A dúvida, inclusive na PF, é se o objetivo de armar civis, não tão “lúdico” era criar um núcleo civil armado no eventual golpe.
Essa fluidez entre vida e morte surge também no relatório final da CPI da Covid, de 1.279 páginas, pedindo o indiciamento de 78 pessoas e duas empresas e acusando o então presidente de nove crimes, desde prevaricação e epidemia com resultado morte até crimes de responsabilidade e contra a humanidade.
Bolsonaro liderou contra máscara, isolamento social e vacinas e a favor do vírus, cloroquina e aglomeração, aliás, com viés golpista. Vídeos inesquecíveis: relação entre Aids e vacina de Covid, ele retirando a máscara de uma criança na rua e imitando na TV uma pessoa morrendo por falta de oxigênio em Manaus.
Além da ação na pandemia, de facilitar armas até para bandidos condenados e das ações por joias, atestados falsos de vacina e fakenews usando inquérito da PF, o que mais complica Bolsonaro é a articulação de um golpe contra as eleições, que ganha impulso com o depoimento do general Freire Gomes e do brigadeiro Batista Jr., ex-comandantes do Exército e da FAB, à PF. É o golpe que realmente pode levar o ex-presidente à prisão. O conjunto da obra, porém, pesa um bocado nesse processo.
Comentário nosso
Cada vez fica mais patente que Bolsonaro já entrou no governo pensando em dar um golpe. Afinal, por que o seu interesse em armar a população, principalmente os seus seguidores, a ponto de armar até os próprios criminosos. A concessão de porte de armas deveria ser antecedida de uma exame criterioso da ficha policial, social e econômica dos pretendentes a portadores. Como é que um cidadão que não ganha nem o suficiente para sobreviver e por isso participa do CadÚnico pode comprar não só uma, mas várias armas? Como pessoas com ficha criminal podem comprar armas com autorização do Governo? E ainda há quem defenda este criminoso! (LGLM)