Hoje é o aniversário dela, 29 anos. Minha filha caçula, Luma. Cresceu, mas continua criança. Deus a fez autista. Desenvolveu muito e continua a desenvolver, graças aos profissionais que acompanham a sua educação e ao amor que lhe devotamos. Adora música, adora dançar. Não aprendeu a ler, mas entende tudo e liga seu tablet ou celular, procura as músicas de que gosta e sai pela casa dançando. É festeira toda, embora se incomode quando o ruído é muito alto. Carinhosa ao extremo, com a mãe, com os irmãos, com as tias, com os sobrinhos, com os amigos com quem se afina e com Toy, um Lhasa Apso que ganhou há dez anos e com quem brinca, com quem conversa e com quem arenga. Muitas vezes, espera que eu me deite para me cobrir com um lençol. Tem um ciúme tremendo da mãe, não gosta nem que eu chegue perto dela. Como todo autista, precisa de cuidados, precisa de carinhos, precisa de amor e precisa, antes de tudo, de respeito. Temos que entender as suas limitações, mas reconhecer também as suas potencialidades. Os autistas as têm nos mais diversos graus. Há entre eles grandes artistas, grandes doutores, grandes profissionais. Precisa de amor e sabe transmitir amor. Tem sido para nós uma grande lição de vida. Um presente do céu e um alerta para todo mundo. O mundo precisa de paz, de água, de comida, de educação, mas antes de tudo precisa de amor. Parabéns, Luma, e que Deus nos abençoe. (LGLM)