Por dia, Paraíba registra 15 acidentes de trabalho e afasta 5 trabalhadores; ao PB Agora procurador alerta para medidas preventivas (confira comentário nosso)

By | 11/05/2024 6:52 pm

Quedas, choque em objetos, golpes provocados por ferramentas, fraturas e Lesões por Esforços Repetitivos (LER). Números que assustam. Estarrecedores. Preocupantes. E que deixam trabalhadores e autoridades em alerta. Por dia, a Paraíba registra 15 acidentes de trabalho e afasta pelo menos cinco trabalhadores das suas atividades por acidentes e adoecimentos, segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho.

PB Agora conversou com o procurador do Ministério Público do Trabalho, Marcos Antônio Almeida, que alertou para o crescimento dos números e apelou para adoção de políticas que favoreçam o trabalhador e garanta segurança nos ambientes de trabalho.

O Estado registrou, somente em 2022, 5,6 mil acidentes de trabalho. No Estado, a cada 30 dias, em média, dois trabalhadores perdem a vida no trabalho, segundo os dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho desenvolvido no âmbito da Iniciativa SmartLab de Trabalho Decente, coordenada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil.

De 2021 para 2022, o aumento no número de registros de acidentes no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) foi de 46% , passando de 3,8 mil para 5,6 mil.

Segundo o Observatório, acidentes de trabalho e agravos afastaram 1,6 mil trabalhadores paraibanos das suas funções em 2022. Os dados consideram apenas empregados com carteira assinada. De acordo com o Observatório, de 2007 a 2022, foram comunicados 35 mil acidentes de trabalho na Paraíba no emprego com carteira assinada.

Somente no ano de 2021, foram 2.836 mil acidentes considerados graves, e 19 mortes notificadas através de um levantamento do Ministério Público do Trabalho. Entre os anos de 2020 e 2021, o número de acidentes de trabalho na Paraíba aumentou 27% e mortes de trabalhadores por acidentes aumentaram 35%, segundo os dados atualizados do Observatório.

No ano de 2020, foram 2,3 mil notificações de acidentes de trabalho no estado, com 14 óbitos registrados. A terceira maior causa de afastamento de trabalho durante o período foi por adoecimento mental.

Em entrevista ao PB Agora, o procurador do Ministério Público do Trabalho, Marcos Antônio Almeida, defendeu o avanço das ações que visam alertar a sociedade acerca da necessidade de se resguardar e garantir um ambiente de trabalho digno e seguro.

Marcos Antônio Ferreira Almeida considerou urgente a conscientização de toda a sociedade acerca da segurança no trabalho e da prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.

“Infelizmente a Paraíba e o Brasil vivem um quadro muito alarmante. Acidente de trabalho não afeta só o trabalhador. Atinge a família, o empregador e toda a sociedade, pois traz impactos na economia, na saúde pública e na previdência social. Portanto, a prevenção deve ser uma luta de todos.

Os principais tipos de acidentes de trabalho, conforme destacou o procurador, acontecem na construção civil, nos órgãos de telemarketing, bancários, comércio, setor calçadista e principalmente os casos envolvendo as doenças ocupacionais.

“É preciso entender e é isso que o MTB está alertando, que do ponto de vista legal, a doença relacionada ao trabalho também é considerada acidente de trabalho. O adoecimento no trabalho nos faz compreender o vasto caminho que nós temos pela frente para que o trabalhador possa exercer as suas atividades, com a sua integridade física e psíquica devidamente resguardada” alertou.

Uma das cidades em que mais acontecem acidentes de trabalho no Brasil é Campina Grande. Durante os anos de 2022 e 2023, mais de cinco mil acidentes de trabalho aconteceram na Rainha da Borborema e nos demais 69 municípios da macrorregião de abrangência do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST).

A coordenadora do CEREST, Camila Mendes classificou os números como alarmantes. Segundo os dados repassados por ela ao PB Agora, Campina Grande é o segundo município do Estado e o 34º do País em ocorrência de acidentes de trabalho. Em média, cinco acidentes por dia são registrados na cidade. Os dados servem de alerta e ações como as realizadas pela UEPB que podem contribuir para reduzir as estatísticas.

De acordo com o Cerest, houve um salto considerável em relação às subnotificações de doenças e agravos relacionados ao trabalho, na Paraíba.

Camila Mendes ressaltou que o CEREST tem a função de promover assistência especializada à saúde do trabalhador. A boa notícia, segundo ela, é que os municípios têm feito cada vez mais as notificações o que favorece para a execução de políticas públicas voltadas para proteger o trabalhador.

“Diante da resistência de notificações, a gente pode ver que esse trabalhador está sendo visto. Ele saiu da invisibilidade. Esses municípios deixaram de ser silenciosos, o que é importante porque a partir destes dados a gente pode traçar ações efetivas de prevenção a saúde do trabalhador” destacou.

Dados alarmantes no País

Os dados são alarmantes. Em 10 anos, os acidentes de trabalho no país aumentam 11,6% e óbitos 4,6%, segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social. Dados do Ministério Público do Trabalho mostram que, neste período quase 23 mil pessoas morreram em acidentes de trabalho no Brasil. Também entre 2012 e 2021, foram registradas mais de 6 milhões de Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT) que geraram gastos R$ 120 bilhões à previdência.

O total de acidentes, considerando os típicos, de trajeto e doenças do trabalho, passou de 580.833 para 648.366. A porcentagem ficou bem abaixo, porém, da diferença registrada entre os anos de 2021 e 2020, quando o aumento foi de 24,7%.

Em situações de risco de acidentes de trabalho, as empresas são obrigadas a fornecer aos empregados, de graça, equipamentos de proteção individual adequados ao risco. A norma está prevista na lei da CLT, a Consolidação das Leis do Trabalho. A falta dessas ferramentas de proteção pode causar acidentes de trabalho e até mesmo mortes.

Para o procurador Marcos, esses números mostram, nitidamente, o quanto a segurança no trabalho é importante também para a economia.

Situações em que os empregados estejam expostos a riscos, sem que a empresa forneça EPI adequado, devem ser denunciadas no portal do Ministério Público do Trabalho. Conforme alerto o MPT, a empresa que não atender aos requisitos da lei e das normas trabalhistas podem ser multadas.

Comentário nosso

O problema é realmente sério. O trabalhador brasileiro é metido a macho e trata o uso de equipamentos de segurança como se fosse frescura. Ouvi muito esta expressão, quando advertiamos trabalhadores, durante a fiscalização, para a não utilização de capacete, cinto de segurança, botas e outros equipamentos de segurança: “Isto é frescura, não vai evitar nada, eu tenho cuidado e não vai me acontecer nada!” E os acidentes continuam acontecendo, inclusive com óbitos. (LGLM)

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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