Quaest é ruim para Lula e péssima para Bolsonaro. E o centro, morreu?

By | 14/05/2024 7:11 am

Pesquisa indica maioria contra um quarto mandato para o presidente, mas ainda à frente dos rivais, enquanto rejeição a Bolsonaro chega a 54%

(Eliane Cantanhêde, no Estadão, em 13/05/2024)

Foto do author Eliane CantanhêdePesquisas de opinião são retratos do momento e cada um olha como bem entende, mas a última rodada da Genial/Quaest é clara: não chega a ser péssima, mas boa também não é para o presidente Lula. O copo está meio cheio e meio vazio, mas parece mais vazio do que cheio para Lula, inclusive porque ele tem o governo, a caneta, os recursos e a visibilidade inerentes ao cargo.

São trunfos poderosos, mas também faca de dois gumes, depende de como a população vê o governo, de como o presidente e seus ministros usam a caneta e os recursos e se a visibilidade reverte a favor ou contra. Não adianta só aparecer, é preciso aparecer bem. Aliás, como Lula agora, mas não sempre.

A reação do governo tem sido rápida e efetiva diante da tragédia do Rio Grande do Sul, que atrai as atenções e a solidariedade do Brasil inteiro e até do exterior. São viagens, reuniões, seguidos anúncios para a população, as empresas, os produtores rurais e o Estado, com liberação de verbas vultosas e suspensão das dívidas estaduais com a União e dos juros do estoque dessa dívida.

Pesquisa traz notícias ruins para Lula, mas ainda piores para Bolsonaro
Pesquisa traz notícias ruins para Lula, mas ainda piores para Bolsonaro Foto: André Dusek e Gabriela Biló/Estadão

A pior notícia para Lula na Quaest — que entrou em campo em 2 de maio, segundo dia das enchentes gaúchas, quando Lula já foi ao Estado — é que 55% dos ouvidos são contra a chance de um quarto mandato para ele em 2026 e só 42%, a favor. Esses 55% vão além do núcleo duro da oposição, que não vota em Lula de jeito nenhum. Logo, aponta um certo cansaço com ele, ou com “os mesmos de sempre”, em grupos de indecisos.

A boa notícia para Lula é que 47% votariam na reeleição em 2026, num percentual melhor do que o de todos os nomes incluídos na pesquisa. Mas, se 47% votariam, 49%, não. Será tão boa assim? É como um hipotético embate entre Lula e o governador Tarcísio Gomes de Freitas (SP), um dos candidatos a candidato de Jair Bolsonaro. Parece boa notícia para Lula, mas será?

Se Lula está longe de soltar fogos com a pesquisa, o outro lado menos ainda: se 39% votariam em Bolsonaro (declarado inelegível pelo TSE), sua rejeição vai a 54%, assim como a de Michele Bolsonaro é de 50%, igual à de Fernando Haddad, ex-candidato em 2018 e uma das cartas na manga para o caso de Lula não disputar o quarto mandato.

Moral da história: a dois anos e meio da eleição, uma eternidade na política, a polarização está cristalizada, os nomes são óbvios, estão embolados e não há alternativas. O Brasil sempre foi um país do centro, mas cadê o centro? Morreu sem choro nem vela?

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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