Se Lula acertar no Sul, sobe nas pesquisas; se errar, cai. É do jogo

By | 19/05/2024 8:08 am

Presidente tem comandado a guerra, tomado decisões, liberado verbas emergenciais, cobrado os ministros e marcado presença na área da tragédia. A grande dúvida é de onde vem tanto dinheiro

 

(Eliane Cantanhêde, no Estadão, em 18/05/2024)
Foto do author Eliane CantanhêdeO pior já passou? Não, não passou. A previsão é de tempos ainda muito difíceis e dolorosos no Rio Grande do Sulcom chuvas e enchentes ao sul do Estado e aumento do risco de doenças por toda parte onde a água começa a secar e a lama fica, com uma profusão de bactérias, sujeira e dor. O foco, neste momento, está na saúde e na ajuda emergencial para famílias, municípios, Estado e produtores, sem descuidar da reconstrução.

Em Pelotas e Rio Grande, cidades banhadas pela Lagoa dos Patos, atenção total para a piora da situação, com mais água escoando para o oceano e os níveis da lagoa subindo e ameaçando com inundações, deslizamentos e a destruição de casas, comércios, empresas. Logo, a vida de pessoas.

Em todo o Estado, alerta para as doenças ligadas à água, como leptospirose, hepatite A e diarreias, e o frio potencializa as síndromes respiratórias, especialmente em circunstâncias adversas, com crianças, idosos e suas famílias amontoados em abrigos e que deixaram cobertores e agasalhos para trás, em suas casas alagadas, muitas perdidas para sempre. Como centenas de pessoas poderão usar máscaras, dia e noite, num ambiente assim? O razoável é que só os que apresentarem sintomas passem a usar.

Destruição em Roca Sales, no Rio Grande do Sul, após enchente no município
Destruição em Roca Sales, no Rio Grande do Sul, após enchente no município Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini

O secretário de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, sanitarista Adriano Massuda, que se reuniu nesta semana com os secretários de Saúde Arita Bergmann, do Estado, e Fernando Ritter, de Porto Alegre, registra que foram garantidos 1,2 milhão de doses de vacinas, o abastecimento de oxigênio, que poderia faltar em dois dias, e cem kits para desastres desse tipo.

Cada kit é suficiente para atender 1.500 pessoas durante 30 dias e contém 40 itens, como analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e material de primeiros socorros e a isso se somam as parcerias com Estados, municípios, indústrias farmacêuticas e de material de saúde, planos de saúde, clínicas e entidades. “Uma operação de guerra”, resume Massuda.

O governo federal também anuncia R$ 30 milhões para assistência de alta complexidade, já que pacientes de câncer e renais, por exemplo, ficaram de repente sem hospitais e desorientados. E há, como alerta o secretário, a grave questão das doenças mentais, a ansiedade, o medo, o desespero. A intenção é também aumentar o número de leitos na capital e nas cidades atingidas, criar pelo menos mais um hospital de campanha e monitorar o número de profissionais de saúde que a emergência exige.

Essa guerra, que não é só da saúde, mas de todo o governo federal e do País inteiro, joga luzes nos erros do passado e nos riscos do futuro: se o Brasil, os demais Países e a humanidade inteira não tiverem o diagnóstico correto e não agirem adequadamente para enfrentar para as mudanças climáticas, a vida na Terra estará ameaçada. O alarme já é estridente: enchentes nunca antes vistas, secas aterrorizantes, incêndios e devastação por todo o planeta.

Lula visita abrigo para vítimas das enchentes em São Leopoldo, Rio Grande do Sul
Lula visita abrigo para vítimas das enchentes em São Leopoldo, Rio Grande do Sul Foto: Ricardo Stuckert/PR

Do ponto de vista político, é preciso criticar quando algo vai mal, por exemplo, na política externa e na ingerência política na Petrobras, mas é também preciso reconhecer quando as ações vão na direção certa. O presidente Lula tem comandado a guerra, tomado decisões, liberado verbas emergenciais, cobrado os ministros, acompanhado de perto ações e marcado presença na área da tragédia, que é o que se espera de governantes e líderes. A grande dúvida é de onde vem tanto dinheiro, e num momento em que o grande nó da política econômica é a questão fiscal.

E Lula arranhou seu desempenho ao nomear como o homem de Brasília na crise o gaúcho Paulo Pimenta, ministro, deputado federal mais votado do PT na história do Estado e candidato natural ao governo em 2026. Pior: anunciar Pimenta, rindo, alegre, como se fosse um palanque. Mas é um erro de forma, que não afeta o conteúdo. A verdade é que o governo tem feito tudo o que é possível. Se terá efeitos na popularidade de Lula, na avaliação do governo e em futuras eleições… Bem, isso é da natureza política. Aliás, da própria natureza humana.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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