(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 28/05/2024)
Desde o ano passado começou a pulular nas redes sociais a divulgação de enquetes e pesquisas sobre pretensos candidatos a prefeito nas próximas eleições. Muitas delas em municípios onde nem sequer se sabe ainda quem serão os candidatos.
Os promotores destas enquetes estão visando alguma vantagem financeira, além de uma pretensa audiência. Certamente não compensa, pela simples audiência, fazer sem nenhum ganho uma enquete em um município de pouca audiência.
A enquete, em si, já nasce sem credibilidade, pelo fato de ter um universo restrito. Se é feito num jornal, só alcança os leitores do jornal. Se feito num programa de rádio só revela o pensamento dos ouvintes daquele programa. Se feito por uma rede social só mostra o que pensam os que participam daquela rede social. Além do mais, num programa de rádio ou numa rede social, a enquete pode ser dirigida e manipulada, por um dos candidatos, daí não ter nenhuma utilidade o seu resultado, como informação.
Nos últimos dias, diferentes blogs realizaram enquetes, nos mais diversos municípios do Estado. Para testar o mínimo de credibilidade destas enquetes eu já participei de várias delas, em cidades em que onde nunca estive ou estive há um bom tempo. Não há nenhuma forma de triagem dos participantes. Se
eles são eleitores do município ou não. Ou seja, qualquer um participa de uma enquete quantas vezes quiser e de onde estiver, o que permite manipular ainda mais cada uma delas. Afinal quantos eleitores daquele município participaram uma vez apenas?
A pesquisa, por sua vez, só tem valor estatístico, se houver o conhecimento do universo que vai ser pesquisado. Se vai ouvir os moradores de um bairro, tem que conhecer o eleitorado do bairro e saber quanto ele representa do eleitorado da cidade, para ouvir apenas um número de eleitores que correspondam a esta proporção que o bairro representa no eleitorado da cidade. O resultado final só será confiável se todos os segmentos do eleitorado forem ouvidos.
Outro detalhe que tem que ser observado é que, numa pesquisa feita muito antes das eleições, o pesquisador deveria saber quem são os mais possíveis candidatos para colocar no questionário. E assim mesmo só se vai observar quais são os candidatos mais viáveis, mas dificilmente os futuros eleitos.
No caso específico de Patos, onde há um candidato a reeleição, a tendência é que ele seja sempre o mais citado, já que tem todas as vantagens com relação aos demais. O que se traduz no que diz a sabedoria popular: “Jumento carregado de açúcar, até o rabo é doce”. Se Nabor não aparecer em todas as pesquisas como o mais citado, ele tem que trabalhar para recuperar o protagonismo. E, claro, terá tempo para isso. Enquanto isso surgem nomes de oposição, como Ramonilson, Priscila e Edileudo que ainda estão consolidando as suas candidaturas.
Um detalhe que ninguém pode esquecer. Quem é que está fazendo a pesquisa? É alguém confiável ou está a serviço de quem lhe paga? Como todo mundo sabe que a pesquisa vai sempre influenciar nos futuros resultados, muitos manipulam as pesquisas para beneficiar alguém.
Temos, pois que olhar com desconfiança para qualquer pesquisa ou enquete que se faça. E sempre as ver com senso crítico. Quem está por trás delas? A quem se quer beneficiar? Desconfie sempre das pesquisas que não se sabe quem fez ou quem as financiou.