A importância do cuidado paliativo (confira comentário nosso)

By | 03/06/2024 9:13 am

Nova política nacional torna o atendimento do SUS ainda mais humanizado

(Marcia Castro, Professora de demografia e chefe do Departamento de Saúde Global e População da Escola de Saúde Pública de Harvard, publicado na Folha, em 02/06/2024)

Marcia Castro

Câncer, doenças cardiovasculares, Aids, doenças respiratórias crônicas, diabetes, insuficiência renal, esclerose múltipla, doença de Parkinson, artrite reumatoide, demência, anomalias congênitas e tuberculose resistente a medicamentos são algumas condições que podem demandar cuidados paliativos.

Se a morte é certa, o morrer não é igual para todos. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), apenas 14% das pessoas que precisam de cuidados paliativos no mundo são atendidas. A maioria da demanda não atendida se encontra em países de renda baixa e média e entre as pessoas mais vulneráveis.

Voluntária que atende pacientes paliativos na Rocinha, no Rio de Janeiro – Eduardo Anizelli – 4.ago.23/Folhapress

Segundo um relatório publicado na revista Lancet em 2022, entre 8% e 11,2% dos gastos anuais com saúde em países de renda alta são destinados a menos de 1% das pessoas que morreram naquele ano.

O Brasil teve a terceira pior avaliação, à frente apenas do Líbano e do Paraguai. Esse resultado é preocupante considerando o rápido envelhecimento da população, as altas taxas de sobrepeso e obesidade, a atual carga de doenças e o fato de que doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no país.

Uma exceção é o Inca (Instituto Nacional do Câncer), que oferece cuidado paliativo aos pacientes com câncer e promove o treinamento de profissionais.

Visando mudar esse cenário e atender a demanda nacional, a portaria 3.681 de 7 de maio instituiu a Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP) no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde). Os cuidados paliativos serão integrados à rede de atenção à saúde, com ênfase na atenção primária, por meio de equipes multidisciplinares organizadas territorialmente segundo macrorregiões de saúde.

A estimativa é que sejam criadas 485 equipes multidisciplinares estaduais e 836 municipais. Equipes são compostas de médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo e técnico de enfermagem. A política também considera o uso de telessaúde. Isso demanda conectividade, algo que ainda não é universal no Brasil.

A habilitação das equipes depende de solicitação dos secretários estaduais e municipais de saúde. Em outubro teremos eleições municipais e, portanto, haverá mudanças nas Secretarias Municipais de Saúde.

A velocidade da implementação da PNCP, a cobertura geográfica, a qualidade do serviço e o número de pessoas atendidas devem ser monitorados. É preciso recrutamento e treinamento, aquisição de insumos, sensibilização da população, habilitação e monitoramento das equipes.

A PNCP é necessária e torna o atendimento do SUS ainda mais humanizado.

Como disse Hipócrates, “curar quando possível, aliviar quando a cura não for possível e consolar quando não houver mais nada a fazer”.

Comentário nosso

Muito importante esta nova política do SUS. O paciente terminal deve ter todos os cuidados necessários e todo carinho, quando não houver mais o que fazer por ele. Não só de quem cuida dele diretamente, como de toda a família e amigos. (LGLM)

 

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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