‘É hora de estender a mão a Haddad, o fiscal não pode mais derreter’, diz presidente da Febraban (confira comentário nosso)

By | 14/06/2024 7:32 am

Isaac Sidney afirma que ajuste fiscal pelo lado das receitas ‘colapsou’; ele e outros representantes de bancos se reúnem com ministro da Fazenda nesta sexta-feira, em SP

(Bianca Lima, no Estadão, em 13/06/2024)
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban)Isaac Sidney, avalia que o ajuste fiscal pelo lado das receitas “colapsou” e que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, precisa de apoio dentro do próprio governo, além do Congresso e do empresariado, para enfrentar uma agenda de corte e desindexação de gastos públicos.
“É nítido que a agenda de ajuste fiscal, pelo lado das receitas e do aumento da carga tributária, colapsou”, afirma Sidney ao Estadão. “O pessimismo e os ruídos têm crescido rapidamente, como podemos ver nos preços dos ativos, com a forte alta do dólar, a queda da Bolsa e o aumento dos juros futuros.”

Para ele, a alta da moeda americana – que fechou em queda nesta quinta-feira, mas ainda acumula valorização de 10,6% em 2024 – deveria servir como “sinal amarelo” não apenas ao mundo econômico, mas também ao político. “A alta do dólar é fonte de pressão inflacionária, exatamente por desajustar os preços”, diz.

 

'Haddad segue como o fiador da economia', diz presidente da Febraban, Isaac Sidney.
‘Haddad segue como o fiador da economia’, diz presidente da Febraban, Isaac Sidney.  Foto: CBELLI

Sidney e presidentes de instituições financeiras privadas se reunirão com Haddad e o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, nesta sexta-feira, 14, em São Paulo. O encontro, segundo ele, já estava marcado há mais de dez dias e terá o objetivo de debater a conjuntura econômica do País.

A fala do porta-voz dos bancos ocorre em meio à escalada nas incertezas fiscais e ao desgaste de Haddad com parte do setor produtivo e com bancadas importantes do Congresso. Nesta semana, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolveu ao governo a maior parte da medida provisória que limitava a compensação de créditos dos tributos federais PIS/Cofins e onerava, sobretudo, o agronegócio e os exportadores.

O texto, que tinha o objetivo de compensar a desoneração da folha dos 17 setores que mais empregam e dos municípios, irritou lideranças empresariais, que alegam estar arcando com a maior parte do ajuste fiscal do governo sem que o Executivo faça a lição de casa e revise suas despesas.

Apesar das turbulências, Sidney avalia que Haddad segue como o “fiador da economia” e, “mais do que nunca”, precisa do próprio governo, do Congresso e do empresariado. “É hora de estendermos a mão ao ministro, pois a agenda econômica vem perdendo tração e o fiscal não pode mais derreter”, afirma.

Sidney defende uma ação rápida e diz que não há outra saída a não ser enfrentar o debate sobre os gastos públicos. Essa agenda, segundo ele, passa pela discussão da desindexação do Orçamento, do tamanho dos incentivos fiscais, da revisão dos pisos de educação e saúde, dos gastos da Previdência e da vinculação ao salário mínimo.

Em meio às pressões crescentes, Haddad e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, fizeram um discurso nesta quinta-feira em defesa da intensificação na agenda de revisão e corte de gastos, que ainda não saiu do papel. O cardápio de alternativas, segundo os porta-vozes da equipe econômica, é amplo, mas ainda não foi levado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Sem uma reavaliação criteriosa do ritmo de crescimento das despesas, a política fiscal tende a se manter em terreno expansionista, impedindo uma acomodação mais rápida da política monetária, que ainda está em nível bastante restritivo”, diz Sidney, alertando que, nesse cenário, o Banco Central poderá paralisar o processo de queda da taxa básica de juros, a Selic, em breve.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne na próxima semana após uma última reunião marcada por ruídos e uma evidente divisão entre os diretores indicados pelo presidente Lula (que votaram por um corte maior, de 0,50 ponto porcentual) e os diretores da gestão anterior (que defenderam uma redução menor, de 0,25 ponto – posição que prevaleceu). A taxa, atualmente, está em 10,5% ao ano.

“O ganho que tivemos com a aprovação do arcabouço fiscal, que levou o BC a reduzir os juros, está se esvaindo com o aumento das incertezas fiscais. Isso sem contar o risco de mais divisão no Copom, o que seria um cenário ruim para ancorar as expectativas de inflação”, diz Sidney.

Comentário nosso

Se enterrarem Haddad, enterram Lula e o PT, o que seria até um benefício se houvesse alguém menos ruim do que Bolsonaro no horizonte e se conseguissem enterrar também os ocupantes do Congresso Nacional, que são “farinha do mesmo saco”. (LGLM)

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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