Queimar Haddad enfraquece ainda mais o governo, deixa Lula sem herdeiro e o PT sem candidato

By | 14/06/2024 7:44 am

Nada pior para um governo que já não está lá uma maravilha do que criar insegurança quanto à seriedade da política econômica

(Eliane Cantanhêde, no Estadão, em 13/06/2024)

Foto do author Eliane CantanhêdeFernando Haddad é uma espécie de guarda-costas da viúva que, além de enfrentar adversários e especuladores, acumula cicatrizes dos tiros que leva pelas costas do próprio governo, especialmente do presidente Lula. Quanto mais fraco Haddad fica, ou parece ficar aos olhos do mercado, dos políticos e da opinião pública, o governo fica mais vulnerável e Lula se torna alvo fácil do faroeste em que se transformou o Congresso.

Toda vez que o ministro da Fazenda viaja, vem um tiro pelas costas e, dessa vez, foi pior. Ele estava no Vaticano, onde discutiu inclusão e o bate à pobreza com o papa Francisco, quando o projeto alterando regras do PIS-Cofins chegou o Congresso e virou um deus-nos-acuda, unindo todos contra um – ele, Haddad. Assim como ele não estava por perto para presentear o projeto, também não estava para defendê-lo.

Fernando Hadad, ministro da Fazenda, tem sofrido críticas do governo e rasteiras do próprio presidente Lula
Fernando Hadad, ministro da Fazenda, tem sofrido críticas do governo e rasteiras do próprio presidente Lula Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Quando tentou, era tarde demais e já estava cristalizada a certeza de que a maior “vítima” seriam as exportações. Ele jura que não e telefonou para Blairo Maggi, ex-ministro da Agricultura e um dos maiores líderes do setor, sem sucesso. Mesmo sua sugestão de criar um adendo à MP, especificando que as exportações estavam fora, foi descartada.

Lula chamou Haddad para comer pizza no Alvorada no domingo à noite e, na segunda, pediu ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para esperar uma solução em 24 horas, antes de devolver a medida provisória do PIS-Cofins. Sem plano B, como admitiu, o ministro perdeu o prazo e o senador devolveu a MP sem sequer iniciar a tramitação e o debate. Não é trivial, nem ação entre amigos. É uma decisão grave do Legislativo contra o Executivo.

Derramou o leite, a compensação de mais de R$ 25 bilhões para as perdas com a desoneração da folha de pagamentos ficou no ar. Sob tiroteio do Planalto e desconfiança generalizada, Haddad lavou as mãos. Pacheco e o Senado que se entendam com os empresários e se virem para garantir a compensação, enquanto o Supremo está com a faca e o queijo na mão: sem cobrir a perda de receitas, a desoneração cai.

Nada pior para um governo que já não está lá uma maravilha do que criar insegurança quanto à seriedade da política econômica. É exatamente isso que está acontecendo, quando há três sensações no ar interno e externo: de que o Brasil não vai cumprir o arcabouço fiscal, de que o governo perde uma atrás da outra no Congresso e que o ministro da Fazenda é fraco, sem apoio do presidente e do Planalto.

Não se trata de apenas mais uma crise, mas, sim, de uma crise que fragiliza o principal ministro de Lula, o avalista de uma política econômica sensata e o guarda-costas da viúva, que tem menos apoio de ministros petistas do que de não petistas. Compromete o presente e deixa o futuro no escuro para Lula e o PT. Se Haddad cair, quem sobra como herdeiro de Lula e candidato do PT?

Comentário nosso

E quem disse que não tem gente do PT querendo queimar Haddar, para herdar a “sepultura” de Lula? Os Fundos Partidário e Eleitoral são capazes de enricar qualquer um. Não viram o exemplo do presidente de um partido que estava “lavando a burra” com o Fundo Partidário. Avaliem a dinheirama de uma campanha presidencial.  Haddad é melhor candidato do que a quadrilha todinha do PT. (LGLM)

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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