(Misael Nóbrega de Sousa, jornalista, professor, poeta e futuro vereador)
Como é triste o meu sertão
Não ter mais o colorido
Das festas de são João
Onde esse povo sofrido
Dançava no pavilhão…
Mataram a tradição
deixando o povo iludido.
Tudo aqui é de valor:
O milho que faz canjica,
O forró, o cantador,
O vaqueiro, a oiticica…
E se a noite é de calor
De manhã nasce uma flor
Da chuva que cai da bica.
Mas que pena essa região
não ter mais festa junina;
Cadê aquele pavilhão
Onde o menino e a menina
brincavam de adivinhação?
Sepultaram o são João
Com sua tradição divina.
A família então ficava
No terreiro reunida;
Quando a sanfona tocava,
Para a festa prometida,
A animação começava
E a poeira levantava
No chão de terra batida.
Só lamento que o Nordeste
Não reclame da indecência;
Prefeito, cabra da peste,
Tenha do povo clemência!
Já basta de tanto teste,
O São João mesmo que preste,
É o da nossa adolescência.