(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 04/07/2024)
A nossa Câmara teve brilhantes vereadores na sua história. Alguns que brilharam pela sua eloquência, outros pela sua combatividade, terceiros por sua representatividade.
Lembramos alguns deles que já viraram história e pedimos perdão por muitos deles que não serão citados porque citá-los todos seria cansativo. Nomes como o professor Ribamar de Brito (o craque nacionalino), Chico Bocão (o mais longevo de todos com uns dez mandatos), Abdias Guedes (uma raposa política), Rênio Torres, Pedro Alex, Ruy Gouveia (deputado estadual por dois mandatos), Edivaldo Motta (deputado estadual e federal), Gilvan Freire (presidente da Assembléia e deputado federal), nossos colegas de imprensa Virgílio Trindade (vice-prefeito que chegou a assumir a prefeitura), Zé Augusto, Nestor Gondim e Orlando Xavier (o mais votado da nossa história), o eloquente Marconi Sobral, Ivanes Lacerda (também prefeito interino), o poeta Polion Carneiro e o inesquecível professor Nivaldo Sátyro.
Na Câmara de hoje, nenhum chega aos pés da maioria dos citados acima. Ser vereador deixou de ser uma missão e passou a ser uma profissão, das mais rendosas, e mais do que uma profissão um verdadeiro negócio onde se investem centenas de milhares de reais. A maioria dos nossos vereadores, ao invés de defensores intransigentes dos interesses da população, passou a ser meros “puxa-sacos” dos prefeitos, em busca do ressarcimento das despesas que tiveram para se eleger. Pouquíssimos têm a combatividade que era comum nos nossos antigos edis, que atraiam público para ouvi-los na tribuna da Câmara. Fui muitas vezes à Câmara ouvir os debates acirrados que ali se travavam.
A partir do momento em que virou “meio de vida”, o nível dos nossos vereadores começou a afundar e a cada eleição piora mais. Só quatro ou cinco eleitos, em cada eleição, tem um nível aceitável, lembrando um pouco os antigos vereadores.
A cada eleição se cobra uma renovação. E a renovação tem acontecido. Só que a maioria dos novatos é de baixa categoria. Um dois ou três aceitáveis na bancada do prefeito ou que para ela correm assim que eleitos, e outros tantos na bancada da oposição, “para salvação da lavoura”, pois não os conseguiram comprar.
Mas não é esta renovação quantitativa que se almeja, nem de que a nossa cidade precisa. Precisamos de uma renovação qualitativa, com novos vereadores preparados para a função e que não se deixem vender.
A cada eleição têm aparecido bons nomes, mas infelizmente o eleitor se deixa atrair pelas vantagens que lhes possam oferecer e não pela capacidade que o candidato tem de bem exercer a sua função de sugerir solução para os problemas da cidade e fiscalizar a forma como a cidade é administrada.
Nesta eleição, como nas anteriores apareceram vários bons nomes, suficientes para eleger uma boa Câmara. Cabe aos eleitores conscientes escolherem aqueles que sejam melhores para o progresso de nossa cidade. Candidatos independentes, preparados intelectualmente e moralmente. Não é imprescindível que sejam doutores, basta que tenham vergonha na cara. Um dos maiores vereadores da Câmara de Patos foi Chico Bocão, um “cabra de vergonha” que mal sabia ler. No meio de formados, de jornalistas, advogados, médicos, radialistas, professores e outros portadores de diploma, sabia defender o que era melhor para a cidade.
Portanto, está na hora de você começar a escolher seu futuro vereador. Escolha pelo bem de Patos e não pelos bens e vantagens que ele possa oferecer. Você e Patos merecem uma Câmara melhor.
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