(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 09/07/2024)
O jornal o Estadão publicou no mês de junho de 2024, um editorial sob o título “O avanço da jogatina”, onde comenta recente projeto aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, sobre a legalização de jogos. No subtítulo ele acrescenta: “Projeto aprovado na CCJ do Senado legaliza até o jogo do bicho, notória lavanderia de dinheiro de criminosos sanguinários, o que deixa claro seu caráter absolutamente deletério para o País”.
E abre a matéria com este parágrafo:
“Alheia à realidade do País, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, tendo o senador Davi Alcolumbre (União-AP) à frente, aprovou há poucos dias o projeto de lei (PL) que autoriza a exploração de jogos de azar em todo o território nacional. Inclusive, e sobretudo, o jogo do bicho, que é explorado há muitas décadas, como se sabe, por alguns dos criminosos mais sanguinários do Brasil – ainda que sobre eles se projete uma aura fajuta de “benfeitores sociais”, “agitadores culturais” ou coisa que o valha.”
Não concordamos com a argumentação dos que dizem que a legalização do jogo de azar vai favorecer a bandidagem. Ao nosso ver, muito pelo contrário, quanto mais ilegal é uma atividade, mais interessa à bandidagem. No jogo do bicho, por exemplo, no Rio de Janeiro, grassa a bandidagem, justamente porque é ilegal. Nós temos um exemplo nosso a confirmar a nossa opinião. A Paraíba é o único estado onde o jogo do bicho nunca foi considerado ilegal. A não ser no começo do governo de José Américo de Almeida, mas depois foi restabelecido. Durante o governo de João Agripino, tornaram ilegal o jogo do bicho em todo o país. João Agripino bateu o pé, manteve o jogo do bicho legalizado na Paraíba e, nunca a bandidagem ser interessou pelo jogo do bicho. O jogo é bancado às claras, com autorização da própria Loteria do Estado. Quem ganha recebe fielmente as sortes. Muito mais sério de que qualquer outra atividade e nós não vemos razão para se combater a legalização do jogo do bicho. Pode-se combater a legalização dos jogos, com qualquer outro argumento religioso, argumento social, argumento de qualquer espécie. Mas jamais com o argumento de que sirva para beneficiar a bandidagem. Muito pelo contrário, se os jogos forem legalizados os bandidos vão correr dele como correm aqui na Paraíba com relação ao jogo do bicho. É o nosso entendimento. Pode haver argumentos religiosos, pode haver outro tipo de argumento, mas não esse argumento de que a legalização do jogo de azar vai beneficiar a bandidagem. Joga quem quer.
O jogo ilegal é uma atração para os bandidos e para a banda podre da polícia, que aproveita a ilegalidade dos jogos, para se refestelar com as propinas. Aliás a ilegalidade é fonte de lucro, não só no mundo dos jogos, como no mundo das drogas. Por que que todo mundo sabe onde tem uma “boca de fumo” e só a polícia não sabe? Por que tem gente lucrando com as propinas distribuiídas pelos traficantes. Quem está por trás das milícias que tomaram conta do Rio de Janeiro e outros Estados? Políciais e ex-policiais. Todo mundo sabe disso.
Na reaidade quem tem mais interesse na manutenção da ilegalidade do jogo e das drogas, são justamente aqueles que estão ricos à custa dessa mesma ilegalidade que fingem combater.
Ouça áudio do texto integral: