Na entrevista, à TV Record, Lula disse que a meta fiscal não precisa ser atingida se houver “coisas mais importantes para fazer”. Como se uma coisa não dependesse da outra, disse que fará “o necessário” para cumprir o arcabouço, mas afirmou não estar plenamente convencido de que o País precisa conter seus gastos.
Para Lula da Silva, tudo na economia vai bem, exceto, claro, os juros. “A única coisa que não está controlada é a taxa de juros”, afirmou. Ele tampouco demonstrou preocupação com a possibilidade de que suas declarações voltassem a desvalorizar o real perante o dólar, o que tem o potencial de aumentar a inflação e prejudicar os mais pobres. “O povo mais pobre, quando tem um pouquinho de dinheiro, ele não compra dólar, ele compra comida”, provocou, comprovando que entende muito mais de demagogia que de economia.
Em economias responsáveis, metas fiscais são respeitadas porque déficits recorrentes realimentam a inflação, desvalorizam o câmbio e exigem juros mais altos. Juros altos, além de aumentar o endividamento da população e de diminuir seu poder de compra, reduzem a atratividade de investimentos produtivos.
A falta de investimentos compromete o crescimento do País e a geração de empregos. Falta de postos de trabalho de qualidade e baixos salários aumentam a informalidade e reduzem a arrecadação do governo, de um lado, e ampliam o contingente de pessoas que dependem de benefícios sociais e assistenciais para sobreviver, de outro. O conjunto da obra eleva o gasto público e aumenta o rombo nas contas públicas.
Na ânsia de atacar o “poderoso” mercado, Lula da Silva disse que o País precisa de mais gente vivendo de trabalho e menos gente vivendo de dividendos. O presidente ignora que esse mesmo mercado é composto por pessoas que já dedicaram suas vidas ao trabalho e que buscam complementar a aposentadoria com o retorno dado por seus próprios investimentos – entre elas funcionários de estatais que aplicaram suas economias em fundos de previdência.
Não é difícil compreender essa lógica, mas Lula, incapaz de descer do palanque e movido a pesquisas de popularidade, age como se ainda fosse um candidato da oposição, e não um presidente eleito há mais de dois anos e no exercício de seu terceiro mandato.
A sorte de Lula é que sua logorreia já não é levada muito a sério pelo mercado. É verdade que o dólar, que estava em queda, subiu um pouco, e os juros futuros, que haviam zerado, voltaram a registrar algumas máximas, mas, como sempre, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, controlou o incêndio.
Haddad disse que as falas de Lula da Silva haviam sido divulgadas fora de contexto e reiterou que a responsabilidade fiscal é um compromisso do presidente. Adiantou que a revisão do Orçamento a ser divulgada na próxima semana poderá contar com bloqueios e contingenciamentos de despesas e reiterou que o governo logo deve detalhar o corte de quase R$ 26 bilhões que será proposto para 2025.
Por ora, o ministro evitou mais uma crise desnecessária, mas, como se sabe, logo virá a próxima. Lula da Silva tem a convicção de que esse discurso populista funciona e, para provar seu ponto, está disposto a tudo, inclusive sabotar seu próprio governo.
Comentário nosso
“Farinha do mesmo saco”. Bolsonaro passou quatro anos usando a sua condição de presidente para defender os seus interesses pessoais. Lula vai pelo mesmo caminho. Não procura fazer o que é melhor para o país, mas o que é melhor para sua figura política, o mesmo para o seu partido. E nós “bestas” que o “adoremos”. Ou deixamos de fazer o papel de “esgtas”, passando a escolher políticos realmente dedicados ao bem público, ao interesse da população como um todo, ou continuamos mal governados e mal representados. (LGLM)