Presidente tem se mostrado mais empenhado em falar e gastar do que em governar
Inflação revista para cima contrasta com o quadro da economia emperrada. Na previsão oficial, passou de 3,7% para 3,9% a alta estimada para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Emprego vigoroso e consumo em alta devem refletir-se mais nos preços pagos pelas famílias do que no aumento do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com as projeções do Ministério da Fazenda. No mercado, as expectativas são um pouco piores: 4,02% de inflação neste ano e 3,88% em 2025.
Com pressões inflacionárias ainda consideráveis – o centro da meta é 3% –, é difícil prever um afrouxamento sensível da política de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já indicou a disposição de manter a taxa básica elevada até o fim do ano e de reduzi-la, em seguida, lentamente. Segundo a expectativa captada no mercado, a taxa deve permanecer em 10,5% até dezembro e terminar 2025 em 9,5%. Crédito caro deverá atrapalhar o esforço dos empresários para dinamizar os negócios no próximo ano.
Empenhado em conter o ritmo da inflação, o ministro da Fazenda deve contingenciar parte das verbas orçamentárias, liberando recursos, depois, em ritmo controlado. Esse expediente já foi usado no Brasil e pode facilitar a gestão dos gastos federais. Um congelamento de R$ 15 bilhões já foi anunciado. Mas um controle efetivo da despesa dependerá principalmente da adesão do presidente da República ao compromisso de austeridade. Essa adesão é por enquanto incerta, apesar das manifestações presidenciais de apoio ao trabalho de Haddad.
O balanço das condições internas e externas aponta um quadro desafiador para o governo brasileiro. Para combinar crescimento e estabilidade, a administração federal terá de combinar prudência fiscal, estímulo ao setor privado e esforços de atração de capitais externos. Será especialmente importante alimentar a confiança dos investidores – nacionais e estrangeiros – e isso dependerá de uma contínua demonstração de bom senso e responsabilidade.
Em qualquer caso, investimento ou custeio, a ação só será possível se houver recursos financeiros. E recursos financeiros – para investimento ou custeio – dependem de tributação e de outras formas de captação de dinheiro. Dinheiro não dá em árvore, nem cai do céu, nem é inesgotável. O presidente Lula parece esquecer esses fatos – tão simples quanto importantes – quando anuncia sua disposição de gastar.
Comentario nosso
Qualquer dona de casa sabe o que é gasto. E como geralmente ela é acusada de culpada quando as coisas faltam em casa, ela aprende muito cedo, que tipo de gasto é justificável ou não. A não ser que seja muito vaidosa, ele saberá distinguir quando está fazendo uma despesa necessária, ou quando está fazendo um gasto supérfluo. Arroz, feijão, carne, material de limpeza são gastos imprescindíveis. Perfume, roupa nova, bebida são gastos que podem ser adiados. Quando o dinheiro está curto, privilegia-se o que é imprescindível. Quando está sobrando um pouco, compra-se alguns supérfluos. A mesma coisa devem fazer os governantes. Gastar inicialmente com aquilo que é imprescindível para o país. Aquilo que vá melhorar a condição de vida da população. Só depois, construir obras que vão lhe garantir a popularidade. Infelizmente, no Brasil, muitos governantes estão mais preocupados com a própria popularidade, com a conquista de votos, do que com o que é melhor para a população. E por isso fazem gastos desnecessários, principalmente na proximidade de eleições. Por isso, o eleitor deve ficar de olho em cada inauguração que se faz. Aquilo era necessário realmente, ou só vai chamar a atenção e tornar o governante mais popular. É durante as campanhas políticas que a gente tem oportunidade de julgar que é o bom governante, quem é o bom representante popular. É aquele que se preocupa mais com o bem-estar da população do que com a conquista de votos. (LGLM)