É preciso discutir nova reforma da Previdência (confira comentário nosso)

By | 28/07/2024 10:12 am

Apesar das mudanças em 2019, déficit é insustentável, sobretudo após Lula mudar política para reajuste do salário mínimo

 

(Opinião da Folha, em 27/07/2024)

Fachada do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Brasília (DF) – Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

É bem-vinda a informação publicada nesta Folha de que membros da cúpula da Câmara dos Deputados avaliam a necessidade de a Casa iniciar, em 2025, um debate acerca de nova reforma da Previdência.

Mesmo que eventuais mudanças não sejam aprovadas na atual legislatura, é fundamental começar a discussão o quanto antes pois demandará tempo para a sociedade assimilar sua indispensabilidade.

A última reforma, proposta em 2016 pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), só saiu três anos depois, no final 2019, no governo Jair Bolsonaro (PL). Apesar da mudança, o déficit previdenciário da União foi de R$ 428 bilhões em 2023.

Será mais um erro deste governo, que colherá déficits crescentes, a provável violação de suas metas fiscais e uma trajetória explosiva da dívida pública —que pressionará o dólar, a inflação e os juros.

Os parlamentares consideram não mexer em direitos adquiridos, mas aplicar mudanças sobre os novos que ingressarem no sistema, o que deve ser insuficiente.

Hoje, há um rombo contratado, para além dos déficits anuais, de mais de R$ 100 bilhões em quatro anos. Ele será consequência direta, diga-se, da decisão de Lula de corrigir o salário mínimo pela inflação e o crescimento do PIB.

O presidente, aliás, soterrou o debate aventado pelos ministérios do Planejamento e da Fazenda para desvincular benefícios previdenciários e sociais deste critério de correção, e de voltar a ajustá-los só pela inflação, como era antes.

Esse, no entanto, não é o único problema. Na reforma de 2019, ficaram de fora pontos fundamentais.
As regras dos militares têm o maior déficit por beneficiário entre os três regimes da União, de R$ 159 mil per capita por ano. No INSS, ele é de R$ 9,4 mil, e no regime dos servidores civis, de R$ 69 mil, segundo o Tribunal de Contas da União.

No meio rural, homens e mulheres se aposentam aos 60 e 55 anos, respectivamente —ante 65 e 62 anos nas zonas urbanas. Estima-se que, do déficit primário do INSS de 2,7% do PIB em 2022, 40% se originaram na previdência rural.

Todos esses temas são sensíveis e politicamente espinhosos. Daí a necessidade de se começar a debatê-los já para que a sociedade fique bem informada sobre o que está em jogo: a possibilidade de uma ruptura que leve o sistema a não ter como honrar seus pagamentos.

Comentário nosso

A Previdência Social é um saco sem fundo no  mundo todo. E vai exigir reformas de vez em quando. A cada ano aumentam as despesas da Previdência, enquanto as receiras só fazem diminuir. Um dos rombos foi criado com a criação do MEI, onde os o associado só contribui com 5% do salário minino e recebe a mesma aposentadoria de um trabalhador que contribui com 8% além dos 12% de contribuição da empresa na qual trabalha. Outro rombo é aposentadoria rural, onde a maioria dos trabalhadores não contribuem com a Previdência, mas vão se aposentar com um salário mínimo. Há outros ralos na Previdência como o BPC que é pago pelo INSS a pessoas que nunca contribuiram para a Previdência. A cada ano as pessoas tem uma expectativa de vida maior. Eu sou aposentado pela Previdência há trinta anos e se morrer antes de minha esposa ela vai ficar recebendo até morrer. E quanto mais a nossa idade aumentar mais despesa tem a Previdência. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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