Brincando com fogo (confira comentário nosso)

By | 01/08/2024 7:27 am
Imagem ex-libris
A dívida bruta brasileira atingiu em junho R$ 8,69 trilhões, o equivalente a 77,84% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC). Houve um avanço nada trivial em relação ao mês de maio, quando a dívida bruta correspondia a 76,7% do PIB. Foi também o maior nível de endividamento desde novembro de 2021, quando a relação entre a dívida bruta e o PIB atingiu 78,20%. O resultado nada mais é do que um reflexo da política fiscal expansionista do governo. E, se a fotografia é ruim, o filme tampouco é melhor.

A dívida bruta na proporção do PIB tem subido consistentemente desde o começo do ano passado e já aumentou 3,4 pontos porcentuais desde janeiro, ampliando ainda mais a diferença entre o grau de endividamento do País e a média dos países emergentes. Calculada por critérios um pouco diferentes, a dívida bruta brasileira, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), atingiu 86,72% do PIB, enquanto a média dos países em desenvolvimento na América Latina gira em torno de 68,47% do PIB.

O problema de ter uma dívida tão alta comparativamente a economias semelhantes é que ela exige juros maiores para ser financiada. E o custo de carregamento da dívida brasileira, por óbvio, já é bem mais alto que o de países vizinhos. Segundo o Tesouro Nacional, em 2021, o País gastava 6,68% do PIB em transações da dívida pública, mais que a média de 4,13% de países da América Latina e que os 2,28% de economias emergentes.

O governo Lula da Silva pode até argumentar que a dívida bruta passou a refletir os precatórios, que estavam “escondidos” pelo limite imposto pela emenda constitucional proposta pela administração Jair Bolsonaro e aprovada pelo Congresso. É verdade, mas seria injusto atribuir a dinâmica da dívida bruta nos últimos meses apenas à regularização do pagamento de precatórios.

Haverá quem culpe o Banco Central, que interrompeu o ciclo de redução da taxa básica de juros em junho, mais cedo do que o Executivo imaginava, contribuindo para elevar o custo da dívida. O certo é que não se deve esperar uma dose de autocrítica do governo pelo fato de ter ampliado o limite de gastos deste ano e alterado as metas fiscais de 2025 e 2026 em abril – antes, portanto, da decisão do BC.

A mudança das metas contribuiu consideravelmente para elevar incertezas alimentadas pela manutenção dos juros norte-americanos. A verborragia do presidente Lula da Silva contra o BC e a responsabilidade fiscal piorou esse quadro. Nem mesmo o anúncio de congelamento de despesas de R$ 15 bilhões foi suficiente para reverter o estrago.

Os dados da dívida bruta são úteis para expor o ciclo vicioso no qual o Brasil entrou e do qual não consegue sair. Quando o País gasta mais que arrecada, gera um rombo nas contas públicas que precisa ser financiado com emissão de dívida. Quanto maior a dívida, maior o juro; quanto maior o juro, maior o custo de carregamento da dívida; quanto maior o custo de carregamento da dívida, maior o esforço necessário para estabilizá-la. Em outras palavras, déficits primários aumentam a dívida bruta de maneira imediata.

A principal vulnerabilidade da economia brasileira ainda é a política fiscal, e o comportamento da dívida bruta só explicita o tamanho do problema. Atacar a política monetária é apenas uma estratégia para desviar o foco.

Há outro aspecto que deveria preocupar o governo: a dívida bruta tem crescido a despeito dos bons resultados que o País tem registrado em termos de crescimento econômico. Isso reforça a tese de que o avanço do PIB, sozinho, não será suficiente para estabilizar a curva da dívida.

A interrupção dessa dinâmica depende de uma decisão que cabe unicamente ao governo. É preciso ir além de bloqueios, contingenciamentos e pentes-finos em programas sociais e assistenciais e reduzir as despesas de maneira efetiva e estrutural para reduzir o déficit e, futuramente, voltar a gerar superávits primários. Só assim será possível ter uma taxa de juros que não contenha os investimentos tão necessários ao crescimento econômico.

Comentário nosso – Lula já deveria ter aprendido, ou os seus assessores são meros “puxa-sacos” pois o “estudo” de Lula, é muito pouco, que a eficiência do Governo é a maneira mais importante para se adquirir e manter a popularidade. A politicagem leva a vitórias que serão logo esquecidas. Uma prova disso é que até hoje Fernando Henrique Cardoso é lembrado com saudade. Aqui temos o nosso próprio exemplo. Rivaldo Medeiros, com um mandato eficiente conseguiu eleger doutura Geralda para sua sucessão e se eleger deputado federal. Como caiu na politicagem, não conseguiu se reeleger nem eleger mais ninguém, quando depois tentou. (LGLM)

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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