Que cada um continue aonde o destino o levou (Ouça o áudio do texto)

By | 01/08/2024 8:00 am

(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 01/08/2024)

Conta uma velha história, que não sei se tem na Bíblia, que uma família de oito irmãos nasceu e se criou na mesma terra. Morreram-lhe os  pais e eles lá ficaram. Mas com o tempo foram surgindo brigas e com elas as dissenções e eles foram se espalhando pelo mundo. O mais velho permaneceu na terra que fora dos pais.

Ao morrer o mais velho, mandaram mensageiros (naquele tempo não havia internet nem redes sociais), avisar aos demais e convidar para as exéquiias do irmão que morrera. A resposta unânime que os mensageiros trouxeram foi: “Que cada um continue aonde o destino o levou”. E os filhos e netos sozinhos, juntos com alguns amigos, enterraram o mais velho dos irmãos.

Infelizmente isto está acontecendo hoje, com cada vez mais frequência, em inúmeras familias. A dissolução das famílias e dos laços familiares.

Uma delas, de três ou quatro irmãos, que conheço de perto, ao longo da vida se ajudaram uns aos outros. Mas a vida terminou separando-os, e, depois de perambularem pelo país, a estudo ou a trabalho, estão mais próximos hoje morando com menos de trezentos quilômetros de distância. Mas a única comunicação têm sido as raras postagens nas redes sociais e os raros telefonemas. Tem acontecido de terem estado na mesma cidade e não terem se visitado. Recentemente um deles sofreu um pequeno acidente doméstico, que o imobilizou em casa por alguns dias, sem, graças a Deus, perigo de vida. Um dos famíliaares esteve na mesma cidade do acidentado, passou vários dias, e alegando uma enxaqueca, se limitou a um telefonema. Seus filhos, alguns mesmo à distância, não faltaram com a solidariedade e a assistência.

Tem o caso de uma família amiga, em que o mais velho, o querido da velha mãe, passou anos sem visitá-la, mesmo quando estava na mesma cidade. Quando ela morreu, ele foi comunicado mas nem naquele momento quis vê-la. Os demais sempre a visitavam e alguns que moravam na mesma cidade chegavam a vê-la todo dia e lhe davam toda assistência, inclusive financeira. Assistência, que justiça seja feita, com que o mais velho nunca faltou.

Mas conheço outra familia que como a anterior e a da história tinha oito ou nove irmãos, que se espalhou pelo país e ao longo do tempo, aos poucos, foi se juntando aqui mesmo na Paraíba. Esta continua unida e todo o ano, na festa de São João, se junta toda na cidade natal, para comemorar os festejos juninos. E todo mundo se junta, quando um se casa, batiza um filho ou festeja aniversário.

A história com que iniciei é antiga, mas não era tão comum e era contada como exemplo do que não devia acontecer. Aos poucos, porém, foi ficando cada vez mais frequente. Por isso o mundo tem piorado tanto. Por isso, tanto crime, por isso tanta violência.

O que nos leva a fazer um apelo a todos. Precisamos reatar os laços familiares. Eles são cada vez mais necessários a todos. A solidariedade entre irmãos, levará à solidariedade entre os parentes, os amigos, os vizinhos e a toda a comunidade. E isto poderá melhorar um pouco este mundo velho que Deus nos legou.

Ouça o áudio do texto:

 

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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