Brasil segue sendo país em que ricos se aposentam cedo e pobres trabalham até morrer (confira comentário nosso)

By | 02/08/2024 7:59 am

Lula deveria ler o livro ‘Extremos’ para entender que é preciso uma reforma da Previdência

(Elena Landau, no EStadão, em 01/08/2024)

Foto do author Elena LandauLula deveria ler o livro de Pedro Nery, Extremos. Entenderia a necessidade de reformar a Previdência. Se estiver sem tempo, pode ir direto para o capítulo 7: Nova Petrópolis, a cidade com mais aposentados. Lá 40% dos moradores recebem benefícios do INSS. Mas, diferentemente do que o senso comum indicaria, não está nem entre as 600 cidades com mais idosos. São cinquentões aposentados. Este resultado é explicado pelo grande número de trabalhadores no mercado formal. A carteira assinada garante a contagem dos anos de contribuição, modalidade de aposentadoria que não exige idade mínima.
Distorções como essa estão por toda parte no nosso sistema de assistência. Muitas delas decorrentes da pior inserção no mercado de trabalho.

Com a entrada no mercado formal de trabalho relacionada com a prosperidade de uma região e/ou escolaridade, o resultado são aposentados mais jovens em cidades mais ricas. Enquanto na Região Sul a idade média de aposentadoria é de cerca de 57 anos, no Amapá e Roraima, está acima de 64 anos. Há diferenças entre gênero e raça também; homens brancos são os que conseguem aposentadoria mais cedo.

Não viajei pelo País, como Pedro. Mas acompanhei de perto a saga de Teresinha, que trabalhou na minha casa por 20 anos. Ao ficar viúva decidiu se aposentar e voltar para a cidade natal. Apesar de ter começado como empregada doméstica aos 13 anos de idade, não conseguiu provar que, com 58, tinha acumulado tempo de contribuição suficiente. A solução foi esperar alcançar a idade mínima.

 

Aposentadoria favorece quem consegue trabalhar mais tempo no mercado formal
Aposentadoria favorece quem consegue trabalhar mais tempo no mercado formal Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

A base de cálculo de seu benefício é em função das contribuições, calculadas como proporção dos proventos, gerando valor menor que seu último salário. Ao mesmo tempo, outros brasileiros se aposentam precocemente e com o valor integral da maior remuneração da carreira, como os militares.

Teresinha é uma entre tantos trabalhadores que, tendo interrompido cedo os estudos, têm dificuldade em conseguir um emprego formal. Até pouco tempo atrás, nem havia obrigação de assinar carteira para empregadas domésticas.

Diferenças regionais, de gênero, raça e escolaridade são reforçadas por uma metodologia que privilegia o mercado formal e as aposentadorias especiais.

Não dá para entender como um governo que se diz de esquerda mantém um sistema que leva ricos a se aposentar mais cedo e os pobres a “trabalhar até morrer”, como diz o ditado popular.

PS. Um governo que se diz democrata, apoia Maduro e envia seu Vice para pagar mico no Irã. Esquerda por esquerda, fico com inveja dos chilenos.

Comentário nosso – Concordo com este PS – (Post Scriptum ou Escrito Posterior). Mas ressalvo uma questão à manchete. Tenho inveja de quem trabalha até morrer, mas por que gosta de trabalhar ou não gosta de ficar parado ou sde ficar o dia todo em casa, ouvindo as queixas da mulher. O ruim é ter que trabalhar à força por que a aposentadoria é insuficiente ou tem um bocado de vadios (filhos, netos e aderentes) comendo da sua feira.  Eu, quase com oitenta, embora as aposentadorias sejam suficientes, continuo trabalhando como jornalista amador. Mesmo em casa, minimizando as queixas da esposa. (LGLM)

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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