Governo americano reconhece vitória da oposição nas eleições da Venezuela

By | 02/08/2024 6:58 am

Secretário de Estado americano Antony Blinken disse que Edmundo González Urrutia venceu a disputa presidencial contra Nicolás Maduro

(Jéssica Petrovna, no Estadão em 01/08/2024)

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse nesta quinta-feira, 1, que o candidato da oposição Edmundo González Urrutia, venceu as eleições na Venezuela.

“Dada a evidência esmagadora, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia ganhou a maioria dos votos na eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela”, disse Blinken no comunicado em que parabenizou a oposição e defendeu uma transição respeitosa e pacífica.

O chefe da diplomacia dos EUA disse que os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo chavismo, são profundamente falhos e não representam a vontade do povo venezuelano. O CNE declarou o ditador Nicolás Maduro vencedor com 51,2% dos votos contra 44,2% de González, mas não apresentou os dados que comprovariam os resultados e a oposição afirma ter provas de fraude.

A nota destaca que o CNE continuou sem divulgar os dados, apesar do apelo da comunidade internacional, e que a missão de observadores do Centro Carter apontou irregularidades no processo.

Líderes da oposição María Corina Machadi e Edmundo González durante a campanha na Venezuela.
Líderes da oposição María Corina Machadi e Edmundo González durante a campanha na Venezuela. Foto: Cristian Hernandez/Associated Press

“Enquanto isso, a oposição democrática publicou mais de 80% das folhas de contagem recebidas diretamente das seções eleitorais em toda a Venezuela. Essas folhas de contagem indicam que Edmundo González Urrutia recebeu a maioria dos votos nesta eleição por uma margem insuperável”, afirma o comunicado, ressaltando que observadores, pesquisas boca de urna e contagens rápidas no dia da eleição corroboram a versão.

“Nos dias após a eleição, consultamos amplamente parceiros e aliados ao redor do mundo, e embora os países tenham tomado diferentes abordagens em resposta, nenhum concluiu que Nicolás Maduro recebeu a maioria dos votos nesta eleição”, segue Antony Blinken.

Em reação ao comunicado, Maduro, mandou os Estados Unidos “tirarem o nariz” da Venezuela. “Os Estados Unidos saem para dizer que a Venezuela tem outro presidente. Os Estados Unidos devem tirar o nariz da Venezuela, porque o povo soberano é quem governa na Venezuela, quem nomeia, quem escolhe”, disse Maduro, que foi proclamado reeleito pela autoridade eleitoral, de viés governista, em meio à denúncias de fraude da oposição.

O chefe da diplomacia americana também condenou as ameaças de prisão de Maduro contra Corina Machado e González, como uma “tentativa antidemocrática de reprimir a participação política e manter o poder”.

Blinken defendeu que a segurança dos opositores deve ser garantida e pediu a liberação imediata dos manifestantes presos — são mais de mil, de acordo com o Ministério Público da Venezuela, também controlado pelo chavismo. “As forças de segurança e a aplicação da lei não devem se tornar um instrumento de violência política usado contra cidadãos que exercem seus direitos democráticos”, destacou.

Os Estados Unidos adotam um tom firme com a Venezuela e alertaram ontem que a “paciência estava se esgotando” ao cobrar as atas.

O Brasil, por sua vez, também tem pedido por transparência, mas evitou reconhecer resultados. O País assinou mais cedo uma nota conjunta com México e Colômbia cobrando uma apuração imparcial dos resultados. A declaração se seguiu ao telefonema entres os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Andrés Manoel López Obrador e Gustavo Petro. Todos são de esquerda e próximos a Nicolás Maduro.

Como mostrou o Estadão, contudo, a pressão internacional tende a surtir pouco efeito na Venezuela. Em 2019, após a contestada reeleição de Nicolás Maduro, Estados Unidos, Brasil e mais de 50 países reconheceram o autoproclamado presidente Juan Guaidó, mas esse apoio nunca se converteu em poder de fato para o opositor, que hoje vive no exílio.

Maduro propôs mais cedo na quinta-feira “retomar” as negociações com os Estados Unidos. “Sempre dialogei”, publicou Maduro na rede social X. “Se o governo dos Estados Unidos estiver disposto a respeitar a soberania e parar de ameaçar a Venezuela, podemos retomar o diálogo”, acrescentou.

O ditador, no entanto, condicionou possíveis contatos ao “cumprimento” de um memorando de entendimento assinado em setembro do ano passado em negociações diretas entre a Venezuela e os Estados Unidos no Catar, paralelamente a um processo de diálogo entre o chavismo e a oposição em Barbados sobre o caminho para as eleições presidenciais.

Maduro compartilhou uma cópia do memorando de entendimento do Catar. “Após a realização das eleições presidenciais e a tomada de posse do presidente devidamente eleito, os Estados Unidos desbloqueiam os bens do governo venezuelano atualmente congelados” e “levantam todas as sanções”, indica o documento.

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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