Crise é gigantesca, com todas as estratégias dando com os burros n’água – ameaçar, bater de frente ou, ao contrário, ‘manter o diálogo’
(Eliane Cantanhêde, no Estadão, 03/08/2024)
Argentina, Peru e cinco outros países bateram de frente com Maduro nos primeiros momentos, mas com isso só conseguiram a expulsão de seus diplomatas em Caracas, deixando ao relento seus nacionais, seus interesses no País e os opositores de Maduro que haviam abrigado. Agora, EUA, Uruguai e novamente Argentina reconhecem a (óbvia) vitória de González, assim como ocorreu com a de Juan Guaidó em 2021. Ok. E daí? São ações sem consequência, para atrair aplausos internos.
E o Brasil? Depois da sucessão de erros graves do presidente Lula, o Brasil aliou-se a México e Colômbia para manter “o diálogo” com a ditadura venezuelana e o sonho de chamar Maduro à razão. É legítimo, mas uma estratégia tão inútil como as demais, apenas mais desgastante. Já no dia seguinte, Maduro invadiu os escritórios da oposição. Há diálogo possível?
O impasse é geral e, no Brasil, Lula atrai um tsunami de críticas internas por um Maluco, quer dizer, Maduro, que desdenha do esforço e não quer soluções, quer guerra. Emburrado, Lula agora se recusar a atender telefonemas. Tarde demais. Brasil mediou o Acordo de Barbados, pelo qual os EUA retirariam as sanções em troca de “eleições transparentes” na Venezuela. Maduro assinou e fez todo mundo de bobo. Opositores presos, impedidos de concorrer e, depois, a declaração de “vitória” sem atas e provas. Um acinte.
Exigir as atas de votação foi prudente no início, mas Maduro não irá mostrar atas que confirmam sua derrota e não se pode esperar nada da Justiça, servil à “democracia” de Maduro. A crise é gigantesca, com as estratégias todas dando com os burros n’água – ameaçar, bater de frente ou, ao contrário, “manter o diálogo”.
Chanceleres de Brasil, Colômbia e México ficaram de apresentar um “cardápio de opções” nesta segunda-feira, depois das manifestações de oposição e chavismo no sábado, com o Exército nas ruas, em que tudo poderia acontecer. Mas o que esse cardápio pode incluir? Ninguém, e nenhum país, sabe o que fazer. Os opositores, de uma coragem impressionante, estão entregues à própria sorte, ou a um Maduro enlouquecido. Trancados numa arena, com a fera pronta para um mar de sangue.
Comentário nosso
Maduro está prestando um grande serviço ao Brasil. Está mostrando que nos livramos de um doido e caimos nas mãos de um presidente que como o amaricano Biden está ficando insano. Nada contra os idosos, pois estamos na mesma faixa de idade. Precisamos começar a pensar em alguém com mais juízo para elegermos em 2026. O PT tem, a nosso ver, um excelente nome, no atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a nosso ver o melhor nome da esquerda. E a direita pode ter um bom nome no atual governador Tarcisio Freitas, se provar que não será um mero sabujo bolsonarista. (LGLM)