Em nome do pai (assino embaixo)

By | 10/08/2024 12:35 pm

(Alberto Arcela, publicitário e jornalista, no Portal WSCOM, em 10/08/2024)

 

Remonta aos tempos antigos a figura do pai, entidade máxima do patriarcado, sentado à cabeceira da mesa, ditando as ordens de uma família não tão sagrada assim, mas esteio de um conceito de vida.

Era assim em todas as sociedades, para que se impusessem limites às relações e se assegurasse a sucessão ordenada dentro dos limites da lei.

Cresci assistindo essa farsa que flertava com o autoritarismo e a violência doméstica, e que tinha como base a supremacia masculina que excluía a mulher da política e da economia.

E conheci muitos desses farsantes que sufocavam suas famílias, ou que abandonavam filhos sem nome, quase sempre sem ter o que comer e também onde morar.

Não que isso seja a marca registrada de todos os pais, entre os quais me incluo, mas não resisto a investir contra os que fazem da paternidade uma diversão irresponsável e de sérias consequências para todos.

Está mais que na hora de impor limites e construir um modelo novo de família, que não precisa ter compromisso com o amor e a fidelidade, mas se faz preciso que ele trate o tema com responsabilidade e respeito.

Isso não significa que tenhamos de viver como nossos pais, e sim que temos de cultivar a amizade e o amor na relação entre pais e filhos.

Temos de abraçar e beijar, porque o abraço e o beijo não pode ser privilégio das mães. Não seremos menos homens por isso. Muito pelo contrário. Estaremos falando a linguagem dos sentidos.

Também não temos de ser heróis. O mundo não precisa deles. Temos de ser presentes, passado e futuro. Ensinar e ao mesmo tempo aprender com eles.

E mais. Contar estórias e fazer história. Compartilhar a leitura e escrever a vida como ela é. Assistir um filme com eles e disfarçar o choro diante de um final mais feliz.

E, acima de tudo, estar sempre ao alcance da mão.

Não consigo esquecer a filha de uma amiga que, ao receber a visita do pai, uma única vez, diante das amigas, falou de alto e bom som para quem quisesse ouvir, que tinha um pai para chamar de seu. E que tinha muito orgulho dele.

Apesar de nunca ter adormecido em seus braços, sonhado os seus sonhos e chorado a sua falta.

Fui eu mesmo carente dessa ausência e sei que ela não tem tamanho. Ocupa todos os espaços e se esconde em fotos desbotadas pelo tempo.

E, no afã de agradar, encarna por vezes a figura de Papai Noel, na tentativa de comprar a pessoa com dinheiro, apesar de estar cansado de saber que a felicidade não se compra.

Contudo, não tem como ignorar a magia e o fascínio que existem por trás de um pai, por pior e mais ausente que ele seja. Não importa que nem seja o verdadeiro pai, basta que se comporte como tal. Porque sendo ele famoso ou anônimo, você sempre será o seu maior fã.

Até mesmo porque o sucesso é efêmero. E ele será sempre tudo que você queria ser.

Feliz Dia dos Pais para todos.

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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