A qualidade das escolas públicas

By | 21/08/2024 7:00 am

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(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 21/08//2024.

Fui aluno de escola pública, no Colégio Estadual de Patos, há mais de sessenta anos. De 1962 a 1964. Fiz o então curso científico, o segundo grau de hoje. Na turma, terminamos onze alunos. Nove deles foram para João Pessoa fazer vestibular, para os mais diversos cursos. Todos passaram de primeira, sem precisar fazer cursinhos, se é que existiam naquela época. Os outros dois, não tinhamos condições de ir estudar fora e terminamos professores no próprio Estadual.

Em 1966,  fui aprovado num concurso do Banco do Brasil, na época tão difícil como um vestibular. Era o vestibular de pobre. O pessoal do Sertão fez o concurso em Cajazeiras e eu fui o segundo lugar dos que fizeram em Cajazeiras. Estou lembrando estes fatos para mostrar como era de boa qualidade a escola pública daquela época.

E um detalhe interessante é que nenhum dos nossos professores era formado para exercer o magistério. Eram médicos, dentistas, engenheiros, advogados, padres, ex-seminaristas, alunos que não haviam passado no vestibular, mas  que eram bons nas matérias que ensinavam, e todos acima de tudo dedicados.

Cajazeiras ensinou a Paraiba a ler e tinha escolas de excelente qualidade, mas não tinha ainda um Colégio Estadual. Patos ganhou o seu Ginásio Estadual (só com o curso ginasial) em 1960 e o seu Colégio Estadual (também com o cientffico) em 1962. Campina Grande tinha o Colégio da Prata e João Pessoa, o Liceu. Todos de excelente qualidade.  Quem saisse de um deles podia ir direto fazer o vestibular, em que raramente era reprovado.

Na época já havia muitos colégios particulares, alguns de excelente qualidade, principalmente os pertencentes a ordens religiosas, casos do Cristo Rei e do antigo Diocesano. Mas havia também os chamados PP (pagou passou) que acolhiam os estudantes menos esforçados e menos preparados, geralmente filho de pais abonados, mas que sempre eram aprovados. Isto, entretanto, não impedia que se tornassem excelentes profissionais, quando se empenhavam nas faculdades, na época todas federais.

Eu me lembrei do tempo em que as escolas públicas eram exemplares, por conta da notícia divulgada outro dia de que os alunos das escolas privadas tem alunos com maior capacidade de leitura do que os das escolas públicas. Infelizmente, realmente tem caído o nível das escolas públicas com o correr do tempo. Uma das causas certamente é o fato de os seus professores serem muito  mal remunerados. Enquanto isso, os bons professores são disputados pelas escolas privadas que lhes pagam salários, muito melhores. Há ainda abnegados e excelentes professores na rede pública, mas a acomodação geral do servidor público tem contaminado muitos dos nossos professores, que são obrigados, muitas vezes, a ensinar em duas três escolas para reforçarem o orçamento.

A capacidade de leitura é imprescindível para o estudante. Os bons alunos sempre são grandes leitores. E as escolas públicas têm que voltar a incentivar a leitura, da mesma forma que as boas escolas privadas têm feito.

Comprem livros para seus filhos e incentivem à leitura. Os meus começavam com gibis de Maurício de Sousa, Turma da Mônica, Chico Bento e por aí vai. E terminavam se viciando na leitura.

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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