Discriminação de alunos de baixa renda em colégios de elite deve ser enfrentada por ações nas escolas, mais que por leis
A concessão de bolsas em colégios de elite para alunos de baixa renda é importante ferramenta para a diminuição de desigualdades.
Mas a conquista dessa oportunidade é só o primeiro obstáculo a ser superado. Após a matrícula, surgem outros, baseados em diferenças sociais. O suicídio de um bolsista que havia contado sofrer discriminação numa escola paulistana, em agosto, acendeu o debate sobre o tema.
A Folha ouviu relatos em outras escolas que incluem desde manifestações indiretas de preconceito até as mais explícitas.
Além do bullying, presencial e online, há reclamações sobre sobre a estrutura de ensino.
Algumas instituições ofertam aulas apenas à noite para os bolsistas —que não podem entrar na escola antes do horário das aulas— ou em prédios separados. Uma aluna contou que até competições esportivas eram separadas entre os que pagavam e os que não pagavam mensalidade.
Por óbvio, disputas e formações de “tribos” de jovens por afinidades são naturais nessa fase da vida, mas o comportamento preconceituoso e agressivo contumaz é mal que precisa ser combatido —e a mera criação de leis não é o caminho mais eficaz.
O bullying é crime no Brasil desde janeiro deste ano. Ademais, escolas que oferecem bolsas recebem abatimento de impostos por terem o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, do Ministério da Educação, que é regulado por uma lei que veda “discriminação ou diferença de tratamento entre alunos bolsistas e pagantes”.
Como se vê, não é o bastante para impedir a profusão de relatos de práticas discriminatórias.
Pesquisa da FGV num colégio particular mostra que a diversidade social no ambiente escolar é benéfica para não bolsistas, que têm notas melhores quando estudam com não pagantes.
Além disso, capacitação de professores e funcionários para reconhecer práticas abusivas e a criação de uma rede de apoio para as vítimas são fundamentais.
Comentário nosso – O sistema de cotas para dar mais oportunidades aos alunos de classes menos favorecidas é louvável, mas sempre vai ser fonte de discriminação. Muito melhor do que as cotas seria melhorar o ensino nas escolhas públicas. O aluno que entra numa facuildade com as melhores notas é muito mais respeitado do que os próprios alunos mais ricos, mesmos que esses entrem com notas boas. Isto acontecia como coisa comum, cinquenta anos atrás, quando as escolas públicas eram da melhor qualidade. Terminei o segundo grau, no Colégio Estadual de Patos, em 1964 e nunca tive dificuldades em três vestibulares (Letras, Jornalismo e Direito) e em dois concursos públicos (Banco do Brasil e Ministério do Trabalho) sempre com as melhores notas. (LGLM)